Ciclicamente surgem na politica portuguesa, vindas dos mais variados quadrantes, ideias que, de uma forma complacente, podemos considerar verdadeiramente peregrinas.
Foi o que fizeram Paulo Portas e Francisco Louçã que vieram a público nos últimos dias pedir "compensações", "ajudas" e "apoios" do Estado para as familias endividadas e afectadas negativamente pelos sucessivos aumentos da taxa de juro do crédito à habitação e, de uma forma geral, do crédito ao consumo.
Apesar de algumas situações de menor desafogo financeiro que algumas famílias possam eventualmente estar a viver, não se parece justificar a adopção, por parte do Estado, de medidas paternalistas e cuja implementação daria uma imagem de ainda maior facilitismo e de irresponsabilidade perante a gestão financeira que cada um deve fazer da sua vida. Principalmente quando, apesar de todo o histerismo, os juros continuam historicamente baixos.
Numa altura em que não se vislumbram sinais de inversão da política restritiva e de fortes cortes orçamentais em sectores tão importantes como a saúde e a educação, não parece politicamente justificável, e ainda menos socialmente, que o próximo orçamento de Estado venha a disponibilizar recursos para apoiar pessoas que livremente fizeram opções de vida que, era fácil de adivinhar, não teriam condições de manter de uma forma sustentada. E todos conhecemos exemplos disso.
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