Não demoro. Apenas um ou
dois dias. Dito de outra forma, o tempo estritamente necessário para tirar
um curso. Ou equivalente.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
sexta-feira, 27 de julho de 2012
Porque raio não vão estes gajos cagar estacas para os países deles?!
Acho alguma piada às
ideias, papagueadas pela comunicação social nacional, de um estrangeiro
qualquer que resolveu mandar uns bitaites – cagar umas estacas, como diria a
minha avó se fosse viva - acerca dos vencimentos que se praticam na função
pública. Segundo a cavalgadura em questão, a tabela salarial deverá ser revista
de maneira a aproximar o ordenado de quem trabalha para o Estado, daquilo que
se pratica no sector privado.
Se, assim à primeira
vista, a intenção até pode nem parecer de todo descabida, quando se olha mais
de perto, para os pormenores, então percebe-se toda a patetice e, mais do que
isso, o desconhecimento do que é hoje a realidade do país. A ideia seria
aumentar o ordenado aos técnicos especializados, que no Estado ganharão,
segundo o idiota, menos que no privado, para que estes não tenham a tentação de
abandonar a função pública. Aos outros seria reduzido o vencimento porque, na
cabeça da besta, auferem mais do que na iniciativa privada e, assim, seriam
estimulados a procurar outra vida que não trabalhar para o Estado.
No primeiro grupo
estarão, com toda a certeza arquitectos, engenheiros, médicos, economistas,
enfermeiros e outros licenciados, mestrados ou doutorados. No segundo, entre outros, canalizadores,
electricistas, carpinteiros, pedreiros e auxiliares de serviços gerais. Para
demonstrar o ridículo da proposta não me vou socorrer do exemplo recente
daquela empresa – privada, por sinal – que pretendia recrutar um arquitecto por
quinhentos euros ao mês. Nem lembrar que jovens licenciados a ganhar o salário mínimo
é coisa que não escasseia. Prefiro antes sugerir que, o fulano da ideia e os
muitos seguidores que abundam por cá, tentem encontrar quem lhes conserte uma
torneira, mude uma lâmpada, repare um armário, dê uns retoques na parede ou,
até mesmo, lhes esfregue a casa de banho, por quatro euros à hora.
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Ainda que mal pergunte
Para que raio precisa o
presidente de uma assembleia municipal de ter um telemóvel de serviço? Para nada,
obviamente. As funções de presidente do órgão deliberativo municipal são
meramente decorativas e, para além de convocar e presidir às reuniões, não faz
mais nada de útil à sociedade. O que, como se calcula com relativa facilidade,
não parece envolver a necessidade de dar uso a um telefone móvel.
Ora não terá sido isso que
pensou um tal Miguel Relvas. A criatura, quando exerceu o cargo de presidente
da assembleia municipal da sua terra, terá tido ao dispor um desses aparelhos e
terá feito tantas ou tão poucas chamadas que a conta suportada pelos munícipes lá
do sitio ultrapassará os trinta mil euros. Coisa para, em média, durante os dez
anos que o homem ocupou o lugar, andar pelo 367 euros por mês. Isto a fazer fé
nas noticias recentemente divulgadas acerca do assunto.
Tudo terá, quero
acreditar, uma explicação plausível. Se é que, por esta altura, já existe. Seja
ela qual for, excluo liminarmente a hipótese de as chamadas envolverem assuntos
particulares. Naturalmente coloco fora de questão que um telemóvel de serviço, pago
com o dinheiro dos contribuintes seja usado – por este cavalheiro ou por
qualquer outro – para tratar de matéria da sua vida privada. Cruzes canhoto! Eu
seja careca se tal ideia me passa, sequer de raspão, pela cabeça.
Estou mais inclinado a
pensar que o homem convocaria as reuniões por telefone e, para poupar no papel,
trataria de ler a acta e demais documentação pela mesma via a cada um dos
membros do órgão autárquico a que presidia. O que, bem vistas as coisas, poderá
ter representado uma poupança assinalável ao município em questão. E, quem
sabe, pode ainda render ao figurão em causa uma licenciatura em ciências da
comunicação. Por equivalência. O que se afigura mais do que justo para quem a comunicação
não tem qualquer ciência.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Que se lixe a coerência
Parvus Coelho, tal como o
outro que lá estava antes, gosta de dizer coisas. A sua tendência para produzir
múltiplas declarações peremptórias, acerca de um qualquer assunto, é por demais
conhecida bem como a pluralidade de opiniões convictas que pronuncia acerca do
mesmo. Trata-se de uma gajo que, frequentemente, assegura como verdade uma coisa e o seu contrário. Neste aspecto coerência não lhe falta. Há que reconhecer.
Será, portanto, neste
âmbito que deverão ser interpretados os seus desabafos acerca dos actos
eleitorais que se avizinham. Todos se recordarão daquilo que o homem dizia
antes das eleições que o levaram ao poder e o que diz agora relativamente a
impostos, gorduras, subsídios e assuntos correlativos. Daí não ser de estranhar
este tipo de discurso. O fulano está a adoptar a mesma estratégia para as autárquicas
que, no futebol, o clube do Porto utiliza em relação à taça da Liga. Ou seja,
fingir que não lhe dá importância nenhuma para melhor engolir a derrota.
Por falar em eleições –
lembrei-me agora, mas não vem nada a propósito – parece que as senhas de
presença atribuídas aos membros das mesas eleitorais irão sofrer uma redução
significativa ou, até mesmo, desaparecer. Caso volte a ser de borla e os
membros escolhidos entre os eleitores, tal como acontecia há poucos anos atrás,
sempre quero ver se os candidatos à prestação deste serviço de carácter cívico continuam
a ser às centenas. Provavelmente nunca mais iremos ver nas mesas de voto os garganeiros
do costume.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Amiguinhos mas só até certo ponto
A pretensa protecção e
direitos dos animais estão, cada vez mais, na moda. Tenho aguardado, por isso,
com alguma expectativa que as associações de defesa dos animais mobilizem os
seus associados, apoiantes ou todos os que fazem questão de exibir publicamente
a sua infindável estima pela bicharada, para uma iniciativa em grande estilo
que chame, ainda mais a atenção da opinião pública para a sua causa. Assim do
tipo estabelecer um dia nacional de limpeza da merda de cão que polui as nossas
vilas e cidades. Podiam, também, aproveitar a ocasião para sensibilizar os
donos dos animais a recolher os dejectos que os seus canitos vão largando. Era
coisa que, não sei onde é que fui buscar esta ideia, talvez contribuísse para
dar um pouco de credibilidade a esta gente.
Desconfio – para não
garantir que tenho a certeza – que tal iniciativa estará foras das cogitações
de todos os que se reclamam apaixonados pelos animais e se manifestam
intransigentes defensores dos seus direitos. Podem ser, tadinhos, muito
sensíveis ao bem-estar dos seus bichinhos mas isso não os impede de ser porcos.
Javardos, vá.
domingo, 22 de julho de 2012
Importa-se de repetir?!
Receio não estar a
perceber plenamente o conteúdo da notícia. A acreditar no texto publicado na
página on-line de um jornal da região centro, um político da zona terá
confessado uma infracção à lei para, segundo o próprio, uns quantos comensais
poderem almoçar. Acrescentando ainda, segundo a mesma fonte, que o faz
repetidamente. Referindo-se ao acto de infringir, claro. Embora eu manifeste
desde já – ainda que sem provas – as mais convictas suspeitas que o homem
também é gajo para almoçar todos os dias mesmo sem, por isso, violar qualquer
tipo de legislação.
Ora, a ser verdadeira,
esta declaração é deveras inquietante e revela-se de particular gravidade. Significa
que as leis da república são desprezadas e que o seu incumprimento não constitui
motivo para preocupações. Antes pelo contrário é exibido publicamente como se
quem o pratica fosse uma espécie de herói. Recorde-se que um dos artigos da lei
que o autarca em causa alega ter violado diz, textualmente, o seguinte: “Os
titulares de cargos políticos, dirigentes, gestores ou responsáveis pela
contabilidade que assumam compromissos em violação do previsto na presente lei incorrem
em responsabilidade civil, criminal, disciplinar e financeira, sancionatória e
ou reintegratória, nos termos da lei em vigor.”
Se calhar o senhor terá
sido mal-interpretado. Ou, tratando-se de um almoço, poderá ser algo a falar
por ele. Quiçá, até, o problema possa ter estado no gravador. Sabe-se que esses
aparelhos são muito traiçoeiros. Um certo deputado - cujo nome não me recordo,
mas que também não interessa nada - que o diga.
sábado, 21 de julho de 2012
Tudo legal e com factura
O anúncio de que uma
parte – ínfima, diga-se – do IVA suportado vai passar a ser dedutível em sede
de IRS, bem como a obrigatoriedade de emissão de facturas em todas as
transacções, tem suscitado um conjunto de reacções curiosas. Por mim aplaudo
esta iniciativa, ainda que lamente o valor miserável que se pode deduzir e o
atraso com que uma medida destas, da mais elementar equidade, vai ser posta em
prática. Embora, para me vingar do que o Estado me rouba, vá continuar a
prescindir de factura sempre que isso implique um acréscimo no custo do bem ou
serviço que esteja a adquirir. É, reconheço, uma incoerência. Mas, garanto, com
a qual convivo bem.
Surgem-me, no entanto,
muitas dúvidas quanto à implementação da obrigatoriedade de emitir uma factura
por cada transacção comercial. A restauração já avisou que não está com intenção
nenhuma de cumprir a lei. Era só o que faltava, dizem, estar a facturar cada
café, pastel de nata ou rissol de camarão que os clientes consomem nas chafaricas.
Depois há os espaços como o que a imagem documenta. Ali, local por excelência
da economia informal, nunca será possível exigir qualquer tipo de formalismo.
Nem mesmo revistando os compradores à saída.
É por isso – e também
pelo nosso espírito tolerante para quem foge ao fisco – que não acredito que
esta medida traga para o sistema um maior volume de contribuição fiscal. Daí
que já estou como o outro. O melhor é legalizar a prostituição e o consumo de
droga. Desde que as profissionais do sexo passem recibo pelos serviços
prestados e a droga seja vendida com factura. Tudo com IVA à taxa máxima e a
deduzir no IRS, evidentemente.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
A algazarra dos inocentes
Tenho lido e ouvido nos
últimos tempos inúmeras opiniões sustentando que os sacrifícios para
reequilibrar as contas públicas devem apenas incidir sobre os funcionários do
Estado porque, segundo os iluminados que assim pensam, os trabalhadores do
sector privado não terão contribuído para o seu desequilíbrio. Esta teoria
parece-me, ela sim, desequilibrada. Própria de alguém perfeitamente burro ou a
necessitar de urgente internamento em hospital onde tratem doenças mentais. Privado,
de preferência.
Esta tese é deveras
curiosa. O BPN, o défice na saúde, na educação, as PPP’s, a catástrofe das
empresas públicas de transportes, o descalabro da Madeira ou o desvario
autárquico, são culpa de quem trabalha para o Estado. Os outros não têm nenhuma
responsabilidade na matéria. Presumo que os filhos frequentam o ensino
particular, apenas se tratam em clínicas privadas e só se deslocam de táxi ou
automóvel próprio. Nem sequer pisam as estradas que nos custam os olhos da cara
nem, tão-pouco, usam a água da torneira. Ver os Tonys Carreiras desta vida,
comer o belo do frango assado na festa patrocinada pelo autarca lá do sitio e
dar voltinhas na rotunda, tudo à pala do orçamento da Câmara lá da terrinha,
isso então nem pensar. É, está-se mesmo a ver, coisa reservada a quem tem o privilégio
de ser funcionário público.
Nem me vou referir aos
que contraíram empréstimos para construir casas de duzentos metros quadrados,
com piscina, jardim e barbecue. Mesmo que nelas habitem apenas duas pessoas e
um cão. Nem os que a juntar a tudo isso ainda aproveitaram o crédito para
comprar três carros, mobilar a casa e ir de férias para a República Dominicana.
Muitos andam agora pelo Citius. Todos inocentes, claro. Por isso faz todo o
sentido que não paguem a recapitalização da banca. Os funcionários públicos que
façam isso.
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Eles fecham tudo
Encerrar serviços
públicos no interior do país constitui, quase sempre, um disparate. É daqueles
actos de gestão do mais irracional que há quando em causa estão hospitais ou
outras unidades de saúde. Tem sido, no entanto, essa a politica seguida por inúmeros
governos que, desde há dezenas de anos, têm vindo a encerrar praticamente tudo
o que representa o Estado e se situa a mais de cem quilómetros da costa.
Neste contexto não causa
especial estranheza a noticia do provável encerramento da urgência básica de
Estremoz. Nem de nenhuma outra da dúzia e meia que, ao que parece, terão o
mesmo destino. O que se pretende é fácil de perceber e faz parte de uma clara estratégia
de investimento na morte dos portugueses. Serão, num futuro próximo, menos despesas
com internamentos, transporte de doentes, tratamentos, comparticipações nos
medicamentos, baixas médicas, reformas e tudo o mais que se relacione com saúde
ou assistência à terceira idade. Não tenho a menor dúvida que o governo – no sentido
lato do termo, porque incluo o que passou, o que lá está e o próximo –
conseguirá o feito histórico de fazer cair drasticamente a esperança média de
vida em Portugal.
Admito que em muitas
localidades, nomeadamente aquelas de onde os serviços de saúde vão
desaparecendo, irão surgir novos negócios relacionados com esta área.
Provavelmente alguns até farão atendimento permanente ou uma espécie de
urgência do tipo primeiros socorros. Para quem os possa pagar, está-se mesmo a
ver. Porque os outros não fazem cá falta nenhuma. São – somos – um fardo de que
os filhos de uma aleivosa que nos governam se querem livrar o mais rapidamente possível.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Foi-se o dinheiro...
Por este andar qualquer
dia nenhum ministro pode colocar um pé fora de casa – ou do gabinete, vá – sem que
seja assobiado, insultado ou, quiçá, sem que lhe cheguem a roupa ao pêlo. Nada
que surpreenda por aí além. Os gajos estão mesmo a pedi-las e têm-se esforçado
tanto por tramar a vidinha da rapaziada que, longe vá o agoiro, algum popular
mais indignado ainda é fulano para fazer uma asneira daquelas à séria.
Por mim, que até acho uma
certa piada a esses ajuntamentos, não me parece que a coisa resulte. Pelo menos
no sentido de inflectir a politica que está a seguida, nem que contribua para
construir um caminho que nos conduza a uma sociedade melhor. É um método de luta
quase tão arcaico e ineficaz como certas ferramentas que se usavam noutros
tempos. Hoje, enferrujadas e substituídas por novas e mais modernas
tecnologias, apenas servem para folclore. Ou para fotografias parvas.
A propósito de mais uma
arruada, que teve desta vez como pretexto a visita de Parvus Coelho ao concelho
aqui do lado, reitero a pergunta que um dia destes formulei aqui no Kruzes acerca
de situação idêntica. Onde estava esta malta quando os milhões andaram a ser desbaratados
pelo país - curiosamente alguns no concelho hoje visitado - conduzindo-nos a
esta desgraça que hoje estamos a viver e, principalmente, a pagar?! Se calhar,
digo eu que gosto muito de dizer coisas, a votar em quem os esturrou…
sábado, 14 de julho de 2012
Funcionários públicos há muitos. Alguns até jogam à bola.
Parece que um clube de
futebol que esta época se preparava para botar figura na segunda divisão B do
futebol indígena, foi forçado a desistir das competições profissionais e a
mandar os seus jogadores embora, por impossibilidade de cumprir o contrato que
com eles tinha assinado. A intenção
seria fazer um campeonato tranquilo, longe dos lugares de descida, e para isso
contaria com um orçamento de duzentos mil euros financiado em noventa por cento
(!!!) pela autarquia local lá do sitio. Cento e oitenta mil euros, portanto, saídos dos cofres municipais directamente para a agremiação do pontapé na bola e daí para a conta bancária dos seus funcionários. À semelhança do que vinha acontecendo ao longo dos últimos anos.
O que terá tramado a
marosca – chamemos-lhe, simpaticamente, assim – terá sido uma tal “lei dos
compromissos”, odiada visceralmente pelos autarcas e outros gastadores
habituados a esturrar dinheiro com se não houvesse amanhã, que a Câmara lá da terra
resolveu acatar. Provavelmente, digo eu, com fundado receio das consequências
criminais e outras, que em breve se irão começar a fazer sentir sobre os
incumpridores.
Financiamentos desta
grandeza aos clubes de futebol será, acredito, coisa que não faltará de norte a
sul. Presumo, por isso, que serão os
milhares de jogadores de futebol-funcionários públicos e
treinadores-funcionários públicos que os verdadeiros génios da táctica, os
mesmos que consideram inadmissível não haver despedimentos na função pública,
pretendem pôr no olho da rua.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Os figos da crise
Os figos, produto lá da
courela, são este ano, por comparação com anos anteriores, em quantidade mais
reduzida e de tamanho significativamente menor. Deve ser por isso que, ao
contrário do que acontece normalmente por esta época, a propriedade seja
bastante menos visitada. Ou, pelo menos, que os sinais deixados pelos
visitantes – passarões de todas as espécies - em redor das figueiras quase não
se façam notar.
Ainda assim a colheita
tem sido razoável. Figos são coisa que, por esta altura, não escasseia cá por
casa. À borla. Com IVA excluído.
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