quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Transtornados


A generalidade dos políticos portugueses estão chateados. Disso mesmo se tem dado conta nos últimos dias. Já os restantes portugueses, na sua esmagadora maioria – quase arriscaria dizer a totalidade – estão-se nas tintas para a mais recente preocupação da classe politica. A causa da esquizofrenia dessa malta é, pasme-se, a provável diminuição dos fundos estruturais a que Portugal terá direito nos próximos anos. Tal possibilidade levou já o primeiro ministro a garantir que vetaria o orçamento da União Europeia caso a proposta reflectisse esta intenção.
Não me surpreende o aborrecimento nem, ainda menos, o consenso que o tema gerou entre os actores políticos dos diversos quadrantes. Sabe-se a forma como grande parte do dinheiro vindo da Europa tem sido aplicado. É hoje aceite que a enxurrada de financiamentos é uma das principais, para mim a principal, causa da situação dramática que vivemos. Para além de ter levado ao endividamento sem controlo, permitiu a construção de infraestruturas sem as quais passávamos lindamente e que hoje, só em manutenção e outros custos que entretanto vieram criar, nos custam os olhas da cara.
Há, depois, o resto. Aquilo de que todos falam, que poucos podem provar, que ninguém condena e que eu desconheço em absoluto. Daí que não seja difícil de perceber o transtorno que a diminuição de fluxos monetários causará à classe dirigente. Já para os portugueses esta será, a concretizar-se, uma excelente noticia. Talvez assim não haja dinheiro para despedir duzentos mil funcionários públicos e rebentar de vez com o que resta das funções do Estado.

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