Mais
de oitenta municípios assinaram hoje com o governo um contrato de
empréstimo que vai permitir às autarquias aderentes saldar as
dividas mais antigas. É o denominado PAEL - Programa de Apoio à
Economia Local – que, na sua versão fofinha, quase não tem
obrigações para as câmaras que a ele recorrem. Excepto, claro,
aquela parte chata, aborrecida e desagradável que envolve o seu
reembolso. O pagamento das prestações. Vinte e oito, no total. Ou
seja, os juros e a amortização do empréstimo a saírem das contas
municipais a cada seis meses durante catorze anos.
Trata-se
de uma operação financeira que vai trocar divida de curto prazo por
divida a médio e longo prazo. O endividamento total fica na mesma –
a divida à financeira cresce em igual montante da diminuição da
divida comercial – e portanto, assim à primeira vista, a adesão a
esta medida do governo pode, a alguns, parecer uma boa opção de
gestão. A mim, substituir uma divida por outra nunca me pareceu boa
ideia. Trata-se, mal-comparado, de pedir emprestado ao amigo
porreiraço para pagar ao gajo lixado que leva o tempo a moer o
juízo.
Pretende-se
com o PAEL colocar o “contador” das dividas a zero e começar uma
vida nova. E é precisamente aqui que começa o meu cepticismo. Não
acredito que quem sempre viveu a construir divida – a estrutura das
autarquias e os autarcas em geral – sejam capazes ou, sequer,
queiram mudar de vida. De hoje a um ano, mil milhões de euros e um
acto eleitoral depois, a maioria das autarquias que hoje assinou o
programa e as que dentro de dias irão assinar vão estar,
seguramente, mais endividadas. Algumas, talvez, até incapazes de
cumprir as obrigações para com a banca. Mas isto sou a profetizar,
porque se calhar muitas até conseguirão obter descontos de pronto
pagamento...
Ora pois claro uma medida exemplar para quem anda já em campanha eleitoral...pois o OE2013 é ajustado e recheado de tudo para não perderem "tachos e panelas ou panelões" apenas para alguns!
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