sábado, 10 de novembro de 2012

Uma enxada para cada português



A julgar pelo que se lê nas redes sociais os portugueses estão encantados com a solução islandesa e parecem desejar que por cá se adopte solução idêntica. Desconfio é que o entusiasmo não terá muito a ver com as opções políticas e económicas encontradas – até porque, se calhar, não as conhecem – mas apenas com o facto de os responsáveis governativos na altura em que rebentou a crise terem sido levados a julgamento.
Admito que a maioria ficasse satisfeita, numa primeira fase, caso deixássemos de pagar a divida. Talvez alguns não se mostrassem especialmente preocupados se saíssemos do euro e a nossa moeda desvalorizasse, logo de seguida, setenta ou oitenta por cento. Agora o que – quase de certeza - deixaria a esquerda esquizofrénica, muito activa em tudo o que é espaço online onde se publicite opinião, à beira de um ataque de nervos, seria a garantia do primeiro-ministro que ninguém morreria à fome enquanto o governo pudesse oferecer uma enxada a cada português. O equivalente nacional à cana de pesca que o presidente da Islândia prometeu ao seus concidadãos para evitar que morressem à mingua.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Não gosto



Continuamos – ou pelo menos muitos de nós continuam – a não perceber o que nos está a acontecer. Todos os dias surgem novos sinais da nossa ignorância quanto à realidade dos tempos que vivemos e da falta de percepção que temos acerca dos que estão para chegar. Só assim se justificam as reacções idiotas relativamente às declarações da responsável pelo Banco Alimentar. No fuçasbook, por exemplo, a parvoíce assume proporções verdadeiramente assustadoras. O que não surpreende. Foi aí que encontrei, na página da mesma pessoa que chama tudo menos mãe à doutora Isabel Jonet, a imagem que anexo e que diz muito quanto à noção que, quem a colocou, tem acerca do momento que o país e os portugueses estão a viver. Mas depois a Merkel é que tem a culpa.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Taxa turistica (Nem se pode dormir descansado)



Já são algumas as autarquias que resolveram cobrar uma taxa – no valor de um euro, ao que julgo saber – por cada dormida, em unidade hoteleira, no território que administram. A finalidade, ao que tem sido divulgado, será ajudar os mais carenciados. Assim uma espécie de roubar aos ricos para dar aos pobres. Mas numa versão cobarde porque, ao contrário do Robin dos Bosques, fazem-no à socapa, por interposta pessoa e quando apanham os que consideram mais abonados a dormir.
O argumento para a cobrança desta taxa é mais do que ridículo. Servirá, quando muito e nem isso dou como adquirido, para tentar equilibrar as depauperadas contas das autarquias que a estão a lançar. Até porque a medida pode produzir um efeito exactamente ao contrário. É que eu não sei se esta malta sabe fazer contas, mas um euro por dormida dá para uma família de quatro pessoas que passe uma semana de férias na terra desses iluminados pagar qualquer coisa como vinte oito euros de taxa a somar ao custo do alojamento. A menos que esta gente acredite que vão ser os operadores turísticos a suportar o custo desta ideia completamente parva.
Os nossos bolsos estão a ser atacados por todos os lados e sob os pretextos mais estapafúrdios. Há que resistir. Não sei exactamente como fazer face a todos os ataques mas, quanto a este, a forma de resistência é por demais evidente. Evitar pernoitar em municípios onde esta taxa seja cobrada. E, já agora, incentivar os outros a fazer o mesmo. Eles que façam caridade ou acertem as contas com o dinheiro deles. Já que acabar com comes e bebes, passeatas e festarolas é capaz de ser pedir de mais… 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Ai aguenta, aguenta (II)



Levar velhinhos - ainda estou para perceber porque raio lhes chamam seniores - a passear constitui uma das actividades preferidas das câmaras municipais e juntas de freguesia. Encher-lhes a pança de comida e bebida sempre que a ocasião se proporcione, também é coisa que não descuram. Se, como parece ser o caso, podem fazer tudo isso na mesma oportunidade melhor ainda.
Deve ser para fomentar este tipo de iniciativas que os autarcas nacionais conseguiram que o governo não cumprisse as determinações a que se tinha obrigado com a troika no sentido de cortar nas transferências para a administração local. Podiam aproveitar o exclusivo da generosidade governativa, pensará qualquer cidadão que goste de honrar as suas contas, para pagar aos credores a quem devem aos milhões. Poder, podiam. Mas no dia do voto não era a mesma coisa.
Este é mais um daqueles casos em que o tal banqueiro tem razão. Se o poder local aguenta mais austeridade? Ai aguenta, aguenta. Deixar de fazer concorrência às agências de viagens até nem se afigura dos cortes mais dolorosos.