domingo, 21 de outubro de 2012
sábado, 20 de outubro de 2012
O Estado paizinho
Constitui para mim um
mistério sem explicação racional que, em Portugal, o Partido Comunista e o
Bloco de Esquerda não obtenham, de cada vez que há eleições, noventa por cento
dos votos. Ou, mínimo dos mínimos, a maioria absoluta. Isto porque os portugueses
adoram que o Estado regulamente o mais ínfimo pormenor das suas vidinhas. Acham
mesmo que constituiu um dever fundamental do Estado dar-lhes tudo. Desde as
pílulas contraceptivas, para a malta fornicar à vontade – e pagar o aborto caso
tenham o azar de calhar na margem de erro – até pagar-lhes o funeral, não vá
dar-se o caso de começar a ficar gente por enterrar. Não se percebe por isso
que chegada a altura de fazer a cruzinha no boletim de voto a mão escorregue
para outras opções que prometem quase sempre reduzir a intervenção do Estado na
vida dos cidadãos.
Atente-se, só a título de
exemplo e deixando de lado outras premissas, no caso recente da miúda de
Quarteira a quem não terá sido serviço o almoço por causa de uma alegada divida
dos pais. O assunto desencadeou uma onda de comentários parvos, petições
imbecis e levou inclusivamente uns quantos a apelarem a que seja consagrada na
lei a obrigatoriedade do Estado garantir, de forma gratuita, as refeições
escolares a todas as crianças. Cuidava eu, vá lá saber-se onde é que fui buscar
esta ideia, que a alimentação dos filhos – em todas as circunstâncias – era obrigação
dos pais. Pois parece que não. Que nisso, como em quase tudo, o melhor é desresponsabilizar
os progenitores - esses já tem os cães para se preocupar – e passar essa ancestral
responsabilidade parental para o Estado protector.
Para além desta estranha
tendência de simpatizar com princípios comunistas mas votar em partidos de
direita, os portugueses – o caso acima mencionado é especialmente elucidativo –
tem também o mau hábito de “emprenhar pelos ouvidos”. Ou, como prefiro dizer, comem
toda a palha que lhes põem na camela.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Ir (apenas a alguns bolsos) para além da troika
Desde o inicio da
intervenção da troika que o PSD anunciou a sua intenção de ir além das medidas que
constavam do memorando de entendimento assinado pelo anterior governo. Os
portugueses é que não perceberam o que líder dos sociais-democratas queria
dizer com tal afirmação. Ou então não ligaram nenhuma. A verdade é que nem
nisso o homem cumpriu na totalidade. Se, naquilo que afecta quem trabalha, a
ultrapassagem das metas impostas foi feita com toda a tranquilidade e sem medo
de greves, manifestações ou protestos diversos, já relativamente àqueles que
lhe apertam os calos a criatura piou fininho.
As autarquias locais são
disso o melhor exemplo. Escapam à extinção de um número significativo de municípios,
recebem o bónus do IMI, que poderá – segundo algumas estimativas - atingir os
quatrocentos milhões de euros, em resultado do acréscimo de receita proveniente
da reavaliação dos imóveis e não perdem os 175 milhões de euros que o ponto
1.29 do memorando determinava que ia ocorrer em 2013. Em troca - imagine-se o
topete - do cumprimento da lei dos compromissos!!!!!! Como se, para cumprir uma
lei da república, fosse condição oferecer dinheiro como contrapartida!
É o que dá esta coisa da
democracia e de não ser possível suspendê-la por uns anos. As eleições estão
quase à porta e para as ganhar, para além de uma boa dose de populismo, são
necessários recursos financeiros. Fico, no entanto, tranquilo quanto à maneira
como será gasto tanto milhão. Boa mesa e boa música não vão faltar. Os velhotes
que o digam lá mais por altura do Natal.
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
IVA e homens das tabernas
Os empresários da
restauração – taberneiros, como eram conhecidos até há alguns anos –
lamentam-se da taxa de IVA, a máxima, que é aplicada às vendas que efectuam aos
seus fregueses. Terão certamente as suas razões. Logo pelo montante que o
imposto representa no valor do serviço que prestam e, depois, por isso
constituir um factor que pode afastar a clientela dos seus estabelecimentos. Estranhamente
ainda não ouvi queixas, mas devo ser eu que não tenho prestado atenção
suficiente, à forte probabilidade de a elevada carga fiscal que incide sobre
este negócio potenciar uma fuga da freguesia para a economia paralela. O que me
leva a concluir que no sector não haverá fuga ao fisco e que todos são
exemplares cumpridores dessa coisa das obrigações fiscais, ou lá o que é.
A lamúria desta gente roda,
invariavelmente, em torno de uma alegada dificuldade em “pagar o IVA às
finanças”. Confesso, ninguém me manda ser ignorante, que quando ouvi esta
expressão pela primeira vez pensei que existissem problemas nas repartições de
finanças – bichas, avarias, greves ou tragédias diversas - que inviabilizassem
essa pretensão. É que, na maioria dos casos, ninguém sai de um café,
restaurante ou espelunca similar, sem pagar a conta. Onde, cuidava eu, estaria incluído
o IVA. Parece, afinal, que tenho andado enganado estes anos todos e que a coisa
não funciona bem assim. A julgar pela conversa ao valor pago pelos clientes
acrescerá, então sim, o imposto. E é precisamente essa importância – 23% - que
os bons dos taberneiros dos tempos modernos se vêem à rasca para arranjar.
Pois. Compreendo a dificuldade.
A inocência desta classe
é comovedora. A julgar pelos seus lamentos parecem acreditar piamente que uma
redução da taxa de imposto iria melhorar o seu negócio. Talvez tenham alguma
razão. Mas para quem está convencido que é ele que paga o IVA, ainda que este
baixasse para zero, dificilmente reduziria os preços. E quem pensa o contrário
que faça um pequeno esforço de memória e tente lembrar-se do que foi, neste
sector, a transição para o euro…
terça-feira, 16 de outubro de 2012
Desnorteados
É opinião – uma evidência,
diria - mais ou menos unânime que o governo está numa situação de absoluto
desnorte. O mesmo, ainda que tal apreciação não recolha idêntica unanimidade, se
passa com os restantes portugueses que não integram o restrito grupo de
ministros, nem o assim não tão restrito grupo de adjuntos, assessores e outros
pingentes que rodeiam os governantes. Está tudo desnorteado.
Ainda me recordo do tempo
em que, para muitos daqueles que hoje protestam, cortar salários era uma coisa
aceitável. Roubar dois ordenados por ano não era algo assim tão mau nem, para
os refilões de agora, constituía motivo para protestos. Tenho também uma vaga
ideia do assalto aos bolsos de centenas de milhar de portugueses não suscitar
grandes preocupações quanto aos efeitos perversos e devastadores que isso teria
na economia. Não foram poucos – provavelmente até alguns do que hoje reclamam –
os que tentaram fazer-me ver que aquelas eram as medidas certas e que eu estava
redondamente enganado.
Tenho, pelo atrás
escrito, todo o à-vontade para recordar a esta malta que não há dinheiro. Por
mais que se manifestem, atirem pedras, partam coisas ou mostrem as mamocas. Pena
que não tenham feito o mesmo antes. Já não digo há um ano atrás, quando estas
coisas apenas atingiam uns quantos malandros. Nem, sequer, desde há dez ou
quinze anos quando políticos de toda a espécie esturraram o dinheiro que,
então, já não havia. Podiam, pelo menos, ir fazer idêntica chinfrineira junto
daqueles que todos os dias anunciam novas obras – megalómanas e de utilidade
duvidosa, quase sempre - com o dinheiro que não há. E com gajas nuas, de preferência.
domingo, 14 de outubro de 2012
A propósito de coisas do terceiro mundo
Há quem não goste de ver
o Rossio Marquês de Pombal, em Estremoz, cheio de automóveis. Diz que lhe dá um
ar terceiro mundista, próprio de países com um acentuado deficit de desenvolvimento
social e intelectual dos seus habitantes. Coisa de gente atrasada, portanto.
Por mim não sei nada disso. Nem é assunto que integre a minha lista de
preocupações mais imediatas. Ou longínquas, sequer. Agora, de verdade, o que não gosto mesmo nada é
de forasteiros que vêm para cá lavar roupa suja. Ou pior. Estendê-la.
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