sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Revolução?! Agora não me dava jeito nenhum. Talvez lá mais para o Verão...

É, de certeza, culpa minha e da manifesta incapacidade que evidencio para perceber a postura dos portugueses perante a situação que vivemos. Os apelos a uma revolução, como frequentemente o fazem algumas figuras de relativo relevo na sociedade, são de entre as coisas parvas que todos os dias se dizem as que me deixam mais perplexo. Sim, façamos a tal revolução. Seja lá o que for que isso quer dizer. E a seguir? Os nossos problemas ficam resolvidos? Se calhar não. O dinheiro não brotará das pedras, os empregos não vão aparecer do nada e os corruptos vão continuar a andar por aí.
Este tipo de mentalidade vem, essencialmente, daqueles que viveram o 25 do A. Principalmente tudo o que se seguiu. São, na sua maioria, pessoas com idade para ter juízo e que deviam possuir a clarividência necessária para fazer uma análise critica ao que foram as consequências desse período catastrófico. Rebentaram com o incipiente tecido produtivo, estoiraram as finanças públicas e puseram o país à beira da guerra civil. Mas, pelos vistos, não lhes bastou. Querem fazê-lo de novo. Alguém que os interne, se faz favor!

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Ou é cão ou cadela. Não há cá menino ou menina. Certo, suas bestas?!

Este canito, a quem desde há muito - por desconhecer a sua graça - chamo Obama, estava hoje com este penteado todo janota. O que contribuiu para me suscitar a inquietante questão se ele, afinal, não é ela. Talvez um destes dias tire a coisa a limpo e indague a dona acerca do sexo do bicho. Sim, sexo, porque isso do género é tão estúpido como aquela malta idiota que, referindo-se a um cachorro, pergunta se é menino ou menina.


Nota: O cão é todo preto. A zona pintada a branco destina-se, obviamente, a proteger a identidade do animal.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A inveja é uma coisa muito feia...

A decisão do Município de Tomar no sentido de conceder um dia por mês de tolerância de ponto aos seus funcionários está a motivar, como seria de esperar, um chorrilho de comentários, na sua maioria disparatados, em tudo quanto é sitio onde se pode expressar opinião. Por algum motivo que me escapa esta medida está a deixar irritada uma imensidão de gente. Gente que, diga-se, em nada é afectada com esta opção do município nabantino. O atendimento ao público estará assegurado, os serviços essenciais estarão a funcionar e, daqui, não resultará mais despesa para a autarquia. Assim sendo não parece que isto prejudique seja quem for, nomeadamente os muitos ofendidos que por aí pululam. A esmagadora maioria dos quais, se calhar, nem nunca pôs as patas naquela cidade.
Curiosamente, ou talvez não, uma outra noticia que refere a contratação – essa sim geradora despesa pública - de dezoito psicólogos e dois terapeutas da fala, por uma autarquia do norte do país, merece uma inusitada quantidade de elogios. Não que a ideia de ter todos os miúdos, de todas as escolas primárias do concelho, a ser acompanhados por estes técnicos não seja meritória. Ao nível, acredito, a que poucos países desenvolvidos e que não passam por problemas sequer comparáveis aos nossos se poderão dar ao luxo.
Quero, com esta comparação, sublinhar que por cá continuamos a não nos preocupar com isso da crise, da falta de dinheiro e do esbanjamento. Pouco nos importa que o nosso dinheiro seja esturrado por políticos lunáticos. O que não admitimos é que outros tenham melhor qualidade de vida que nós. Mesmo que isso em nada prejudique a nossa. Tal coisa, no meu dicionário, chama-se inveja.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Os javardões que paguem a crise!


Desconheço se entre os poucos leitores deste blogue se encontra algum autarca. Provavelmente não. Têm todos coisas mais interessantes para fazer. Sejam elas – as coisas – quais forem e por mais difíceis de identificar que se revelem. Mas isso, para o caso, interessa pouco. Deixo a mensagem na mesma, na expectativa que algum politico de uma qualquer autarquia um dia por aqui passe. Pois que, em lugar de se lamuriarem com a falta de verbas e dos cortes nas transferências do Estado, ponham os olhos na imagem que documenta este post e verão que têm um manancial de recursos quase ilimitado. Isto enquanto, simultaneamente, zelam pela saúde dos seus eleitores e poupam dinheiro com a limpeza urbana. Não precisam de ter medo de perder as eleições. Os cães – ainda – não votam e a maioria dos eleitores não gosta de pisar dejectos. É que, não sei se sabem, quando por azar isso acontece não é ao Passos Coelho que chamam nomes... 

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

O perigo é uma coisa muita fixe. Radical, até.

Muito se tem dito e escrito a propósito das praxes académicas na sequência das trágicas mortes ocorridas na praia do Meco. Até demais, diria. Trata-se, afinal, de um grupo de pessoas maiores de idade e no pleno uso de todas as suas faculdades mentais, que numa noite em que era esperada a maior agitação marítima dos últimos anos entendeu por bem ir fazer coisas parvas para a beira-mar. Numa zona que, aquela hora, estava sob alerta vermelho da meteorologia, recorde-se.
Este tipo de comportamento de risco e o especial apreço que os portugueses demonstram por actividades estúpidas é um legado que sabiamente é transmitido de geração em geração. Basta estar atento à comunicação social para constatar que, às primeiras noticias de mau tempo, uma legião de papás trata de enfiar os fedelhos no automóvel e, indiferentes ao risco e aos avisos das autoridades, enfrentam um conjunto de perigos para chegar ao topo da serra da Estrela. Tudo para que o Martim, o Tomás, a Carlota ou a Vanessa Marisa vejam uma porção de terreno coberta de neve onde podem dar uns trambolhões. Depois admiram-se que, uns anitos mais tarde, a rapaziada se queira divertir na praia em noites de temporal e com ondas de dez metros.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Goste-se ou não essa coisa do paradigma é mesmo para levar a sério

Muitos autarcas têm vindo publicamente – assim como a ANMP, a sua associação representativa – lamentar que a receita cobrada do Imposto Municipal sobre Imóveis tenha ficado substancialmente aquém das expectativas. Nalguns casos, ao que garantem, terá mesmo ficado abaixo daquilo que receberam em anos anteriores. Reclamam, por isso, que o governo lhes dê uma mãozinha porque, afiançam, estavam à espera que a recente reavaliação dos prédios proporcionasse às autarquias uma receita bastante mais avultada o que, por não se concretizar, colocará muitos municípios numa situação complicada em termos financeiros.
Ou autarcas viam neste imposto uma espécie de galinha dos ovos de ouro. O pior é que, para ganhar eleições, optaram por baixar as taxas do IMI que vinham cobrando e de reduzir, ou mesmo abdicar, de outras receitas que legalmente cabem às autarquias locais. Vir agora com estas lamurias mais não é do que chorar lágrimas de crocodilo. É que isto não se pode querer ter o melhor de dois mundos. Não cobrar dinheiro ao eleitores, por um lado, e dar-lhes muitos apoios sociais, divertimentos e obras com fartura, por outro, é uma equação impossível. Mas vá lá alguém convencer os autarcas que este é o nosso novo e irremediável paradigma...

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Antes a morte que tal sorte...

Manuela Ferreira Leite tem sido, nos últimos tempos, abundantemente citada a propósito das suas posições de frontal oposição às medidas de austeridade decretadas pelo governo. Ou melhor. Contra os cortes nas pensões. Porque, bem vistas as coisas, é só e apenas com isso que a senhora se preocupa. Tirando o facto – irrelevante, quase – de se tratar de uma aposentada, auferindo uma pensão de valor, presumo, razoável, até era capaz de pensar que a senhora vai para a televisão defender os seus interesses e que, de resto, se estará nas tintas para todos os outros reformados e velhotes.
Longe vai o tempo – isto a espuma dos dias tudo leva – em que o país se indignou com as declarações da agora comentadeira por esta ter defendido que os cuidados de saúde, no caso a hemodiálise, só devia ser feita a pessoas com mais de oitenta anos caso estas a pudessem pagar. À época, recorde-se, os cortes ainda não chegavam às reformas. Isso era coisa que então apenas afectava outros, que não os reformados. Daí que as preocupações da senhora não abarcassem essa faixa etária. Ao contrário de agora que, coitadinhos dos velhinhos mesmo que tenham mais de oitenta anos e façam hemodiálise, não podem ser afectados por este roubo generalizado de que todos somos vitimas.
Ou seja. Se bem percebo, até se pode deixá-los morrer caso não tenham dinheiro para pagar os tratamentos. O que não se pode é cortar-lhes reforma. Isto sem que ninguém relembre à ex-ministra as afirmações então proferidas. Deve ser inconveniente, talvez. Ou então ninguém se importa verdadeiramente com os mais velhos e todos querem é malhar no governo. Verdade que, nesse aspecto do malhar, só se perdem as que caem no chão mas, que diabo, um bocadinho de honestidade intelectual não ficava mal.



quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Orgulham-se de quê?!

A evidente satisfação do governo e seus correlegionários com os resultados da execução orçamental de 2013, nomeadamente com a superação dos objectivos previstos para o défice, parece-me manifestamente desproporcionada. Não vejo - mas deve ser por ter o estranho hábito de olhar para o “outro lado” da questão – motivo nenhum para o bando de laranjas podres que nos governa estar notoriamente impressionado com os resultados agora divulgados.
Não é que queira ser sempre do contra. Nem, sequer, para poder dizer que tinha razão. Menos ainda por, como alguém escreveu não sei onde, neste blogue se dizer mal de tudo e de todos. É que espreitando o que está por detrás destes números, alegadamente bons e espectaculares, concluímos que o resultado se deve a um brutal corte sobre os rendimentos dos trabalhadores do Estado e reformados, e a um aumento sem precedentes da carga fiscal. Pior. Esse acréscimo de impostos foi obtido a partir de um universo de contribuintes bastante mais pequeno do que já aconteceu noutras ocasiões. Devido, nomeadamente, ao desemprego ou à emigração. O que dá bem a ideia da dimensão do esbulho a que estamos a ser sujeitos.
Aliando o saque fiscal à diminuição de vencimentos e pensões melhor seria que as contas não ficassem um pouco menos desequilibradas. Disso, nas nossas casas, todos somos capazes. Basta não comer, não pagar as contas e cortar todo o tipo de despesa para as finanças de qualquer cidadão darem notórios sinais de equilíbrio. Pode é acontecer-lhe o mesmo que ao cavalo do espanhol... 

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

"Frasquinho" dixit


Acabo de ouvir um “Frasquinho” qualquer garantir, no parlamento, que já passámos o pior da crise e que daqui para a frente isto vai ser sempre a melhorar. Deve ser verdade, deve. 
Não sei em que dia pagam o ordenado lá pela Assembleia mas, desconfio, o homem ainda não viu o recibo do vencimento. Ou então é parvo. 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

E que tal pagar a reforma em géneros?


Isto de pagar impostos é das coisas mais desagradáveis que há. Aborrecidas mesmo. Capazes, até, de tirar uma pessoa do sério. Principalmente a quem não está acostumado e, ao longo da vida, sempre se habituou a ouvir falar disso como um assunto que não lhe diz respeito. Claro que o pessoal se chateia quando, chegado a uma idade avançada – pelo menos relativamente avançada – pela primeira vez lhe é pedido um tributo que retirará uma parte dos seus rendimentos. Que, provavelmente, nem serão muito avultados, reconheça-se. Fica desagradado. Chama nomes à ministra, ao Coelho e a outros gatunos. O pior é que as reformas, as baixas médicas, as consultas e tudo o mais a que a malta que se recusa a pagar impostos tem direito, custam dinheiro que alguém tem de pôr lá. Sim, porque parece-me pouco provável que aqueles velhotes agricultores aceitem receber a reforma em géneros.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Mis gastos son tus ingresos, comprendes?


O recibo do vencimento está, por estes dias, a chegar à caixa de correio electrónico ou, se ainda não for o caso, às mãos de centenas de milhares de funcionários públicos. Sorte a deles, dirão uns quantos ranhosos, é sinal que têm emprego. Talvez. Por mim, na sequência do que já fiz aqui em inúmeras ocasiões, continuo a lamentar a desdita daqueles que, por causa desse mesmo recibo, vão perder o posto de trabalho nos próximos meses. É que isto, por mais difícil que seja de entender a certos cabeçudos, se não há dinheiro não há compras. E se não há compras não há vendas. E se não há vendas não entra dinheiro na caixa. E se não entra dinheiro saem os empregados...Muitos dos quais andam por aí a derramar o seu regozijo pela redução de vencimento dos funcionários públicos. Desconhecem, coitados, aquela velha máxima castelhana que, ajuizadamente, proclama que tus gastos son mis ingresos. Ou o contrário. 

sábado, 18 de janeiro de 2014

Garganeiros

Constitui para mim um inquietante mistério a necessidade evidenciada por algumas criaturas de debicar as uvas expostas para venda. As não embaladas, obviamente. Porque as outras já era um bocado de descaramento a mais. Seja numa banca do mercado, na frutaria ou nas grandes superfícies – e nas pequenas, também – é vê-los a “provar” os pequenos bagos e a expelir as grainhas em todas as direcções.
Trata-se de evidente má-educação. Ou de uma questão cultural, defenderão alguns. É uma prática, por norma, associada a pessoas de idade mais avançada, independentemente do estatuto social. Analfabetos ou com com alguma formação académica. Em comum apenas o facto de serem burgessos. Por mim reprovo em absoluto este comportamento. É que não gosto de comer os sobejos de ninguém e, neste caso, o que lá fica é isso mesmo. Sobras de um garganeiro qualquer.

Ora retoma!

Isso da retoma estar a dar sinais de vida faz-me confusão. Por mais que me esforce em não ser catastrofista, arauto da desgraça, velho do restelo e outros negativismos que me escuso de enunciar, não consigo perceber como é que tudo está melhor quando uns quantos milhões de pessoas estão a ver o seu rendimento mensal cada vez mais reduzido.
Dizia-se até à pouco tempo que a economia é feita com base nas expectativas. Presumo que o conceito tenha sido revisto e hoje a perspectiva seja diferente. Assim tipo, isto está tão mau que a coisa só pode melhorar ainda que a gente ganhe menos, não saiba se vai ter emprego e não veja razão nenhuma para estar optimista.
Lamento ser, mais uma vez, do contra. Mas não. Isto vai ficar ainda pior. Que o digam todos os que, em 2014, já viram o ordenado reduzido. A perder mais um mês de vencimento, durante o ano que agora teve inicio, afigura-se-me difícil evidenciar qualquer tipo de optimismo ou de manifestar a mais ténue intenção de contribuir para o dinamismo da economia. Antes pelo contrário. Como vou ter menos rendimento disponível e não me tenciono endividar, terei de gastar, forçosamente, ainda menos. Com as consequências conhecidas. E costumeiras. O que, ao contrário do amplamente anunciado, não augura nada de bom para a tal retoma.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Bi-horário?! Como é que alguém pode ter uma ideia tão parva?

O aumento do horário de trabalho na função pública para quarenta horas é, apesar de poucos partilharem a minha opinião, a menor das malfeitorias que os últimos governos têm feito a quem trabalha para o Estado. Foi uma medida inútil, desnecessária e que nada acrescenta às finanças públicas nem à economia nacional. Mas, ainda assim, muito menos gravosa do que quase todas as outras que nos têm levado parte significativa do vencimento. E os melões, ao que se sabe, compram-se é com dinheiro.
Para os sindicatos, contudo, o acréscimo de horas de trabalho é que parece ser o ponto determinante da sua actuação. Talvez por constituir aquele onde se afigura mais fácil obter uma vitória. Como, refira-se, já está a suceder um pouco por todo o país. Pelo menos ao nível das autarquias. Onde a maioria dos executivos tem sido sensível em relação a esta matéria e tem chegado a acordo com as estruturas sindicais, no sentido de manter as trinta e cinco horas de trabalho.
Fica, no entanto, um senão. O finca-pé que alguns sindicatos e sindicalistas, alegadamente, teriam feito para que os acordos celebrados se aplicassem apenas aos trabalhadores filiados nos respectivos sindicatos, tendo os restantes de trabalhar quarenta horas. A serem verdadeiros estes rumores não é coisa que lhes fique bem. É que a fazer escola esta posição, às tantas, os pré-avisos de greve também serão apenas válidos para quem é sindicalizado. Para além de, me parece, a consumar-se alguma situação do género estarmos perante a violação de uns quantos princípios constitucionais. Felizmente que, neste assunto, os autarcas estarão a ter o bom senso de não ligar patavina a esta alegada ideia. Que, a ter existido, é das mais estapafúrdias que conheço em mais de trinta anos “disto”. 

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Decidam lá isso e não aborreçam!


Referendo sobre a co-adopção - adopção plena ou seja lá o que for - por casais de pessoas do mesmo sexo?! Esta malta está doida. Ou não quer decidir. Ou ambas as coisas. Cuidava eu que o pessoal lá do parlamento era eleito para tomar decisões. Acreditava que era para evitar essas chatices de estar sempre a fazer leis que o povo tratava de arranjar uns quantos fulanos. Enganei-me, pelos vistos. Pena que relativamente aquilo que, de facto, é importante não tenham a mesma postura. Podiam ter referendado, sei lá, o aumento da idade da reforma ou a nacionalização do BPN. Mas isso sou eu, que acho estes temas muito mais pertinentes e que verdadeiramente têm importância na qualidade de vida dos portugueses. Quanto a isso da adopção pelos paneleiros e pelas fufas interessa a quem?! E a quantos? Se tamanha parvoíce for para a frente é que vão ver o que é abstenção...

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

ADN canino?! Olha que boa ideia.

A maioria dos municípios portugueses estão profundamente endividados e, mesmo os que não estão, não têm recursos financeiros para fazer face às suas atribuições ou respeitar de forma célere os compromissos que os seus autarcas assumem. Ainda assim, a imaginação que evidenciam na obtenção de receitas para os cofres autárquicos é quase nula e a preocupação em cobrar as poucas de que dispõem é ainda menor. Em suma, por cá, o lema parece ser não incomodar o eleitor.
Em Nápoles, Itália, é que as coisas não são bem assim. O município local vai criar uma base de dados com o ADN dos canitos lá do sitio, que permitirá identificar os autores dos dejectos deixados na via pública e, de seguida, apresentar a multa ao respectivo dono. Fácil, barato e, de certeza, muito lucrativo. E, diga-se, da mais elementar justiça.
Obviamente que em Portugal uma medida desta natureza seria ilegal. Inconstitucional, na certa. Violaria a privacidade dos bichos, dos donos e não haviam de faltar providências cautelares, petições, debates e todas as parvoíces a que já nos habituámos. Nenhum autarca, por mais enterrada em dividas que esteja a câmara que dirige, seria capaz de algo parecido. Para quê? É muito mais fácil aumentar o IMI ou ficar a dever aos fornecedores. 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Sim, são apenas três cêntimos a menos no IRS. E daí?

A relutância dos comerciantes em emitir factura começa a aborrecer-me. Assim que me ouvem dizer “a factura é com número de contribuinte, se faz favor” parece que ficam atormentados como se qualquer coisa desagradável lhes estivesse prestes a acontecer. Isto sucede, quase exclusivamente, naqueles estabelecimentos onde são os patrões a mexer na caixa. Ou noutro recipiente onde guardam o dinheiro que não passa pela dita. Já nos locais onde são os empregados – colaboradores, vá – a operar a caixa não tenho razões de queixa.
Mas não são os únicos. Até mesmo – pasme-se - os restantes clientes me olham como se fosse um extraterrestre que por ali apareceu. Como se estivesse a pedir algo a que não tivesse direito ou que não constituísse um dever da parte de quem me recebe o dinheiro. Os mesmos que, presumo, depois de terem terminado de dizer mal de mim e das minhas exigências extravagantes, voltarão a lamentar-se de como o país está mal, do dinheiro que falta para tudo e desses malandros dos políticos que não tomam medidas para pôr toda a gente a pagar impostos.
Tenho, por estes dias e a este respeito, ouvido uns quantos comentários sarcásticos - jocosos, até -  a que me esforço por não ripostar. Não sei é por quanto tempo vou manter este surpreendente – mesmo para mim – nível de fair-play. É que embora lavar a cabeça a burros – já dizia a minha avó, essa sábia senhora – seja um “gastadouro” de sabão, receio que, um dia destes, o caldo se entorne. Está a encher assim uma espécie de balão que ainda é capaz de rebentar perto de uma registadora.

sábado, 11 de janeiro de 2014

Eu que não sou de intrigas...


...Questiono-me acerca dos motivos que levaram ao lançamento de uma petição on-line – uma dessas modernices parvas agora tão em voga – reivindicando do Presidente da Câmara Municipal de Estremoz a melhoria das instalações do canil cá do sitio. Isto porque, alegam, as condições de alojamento dos canitos deixam muito a desejar. Espanta-me que os peticionantes, especialmente os mentores da coisa, não se apoquentem antes com as condições degradantes e sub-humanas em que vivem os moradores das Quintinhas. Não é que me importe, reconheço, mas essa malta toda sensível podia preocupar-se. Um bocadinho, pelo menos.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Um estranho conceito de convergência

Os últimos governos, em particular o actual, têm pautado a sua actuação por um feroz ataque aos trabalhadores da função pública. Chamam-lhe convergência, ou lá o que é, com o regime aplicável a quem trabalha na iniciativa privada e merece o aplauso entusiástico de amplos sectores da sociedade. É, pode dizer-se sem grande margem de erro, um dos poucos assuntos que reúne um estranho consenso entre a opinião pública e a publicada. Estranho, porque ou isto é um país de gente burra que come a palha toda que lhe põem na gamela ou, não sendo burros, são todos uns filhos da puta que desejam o pior possível aos outros. Ainda que daí não tirem qualquer proveito.
Vem isto a propósito da decisão do governo em aumentar para 3,5% o desconto para a ADSE. A ideia, dizem, é que o Estado deixe de financiar o sistema e o mesmo se torne auto-sustentável. Isto porque, segundo opinião que faz escola, não têm de ser os contribuintes a pagar os privilégios dos funcionários públicos. No entanto ninguém se incomoda que as empresas deduzam os custos com os seguros de saúde dos seus trabalhadores em sede de IRC. Como se neste caso não estivesse em causa o dinheiro dos contribuintes! Ou seja: O Estado não pode comparticipar a ADSE, mas pode, através dos impostos que deixa de receber, financiar os seguros de saúde de quem trabalha no privado. Deve ser isto a que chamam convergência...
Pouco convergente parece, também, o facto de quem tem seguros de saúde – pagos pelo próprio, não pela empresa – os possa deduzir no IRS. É que o mesmo principio não se aplica aos beneficiários da ADSE, dado que os descontos para este sistema não são dedutíveis naquele imposto.
Mas nada disto parece importar. O que importa é malhar nos mesmos. É disto que o povo gosta. É isto que dá votos. Ou não fosse o povo burro, ignorante, invejoso e mesquinho. Digno dos governos que tem, portanto.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Aluno aplicado, o Sócrates.

Por estes dias foram contadas inúmeras histórias envolvendo, de uma ou outra forma, o falecido Eusébio. A melhor, na minha modesta opinião, foi a que José Sócrates ontem nos contou.
O ex-primeiro ministro, já se sabia, é benfiquista. Por causa do “Pantera negra”, confidenciou. A sua admiração pelo “Rei” nasceu ao som do relato do Portugal – Coreia do Norte do Mundial de Inglaterra quando, na Covilhã a caminho da escola, ia ouvindo os golos que Eusébio marcava.
Nada que surpreenda. Nessa tarde de 23 de Julho – um Sábado, por sinal – muitos portugueses se terão tornado benfiquistas. Alguns, de entre eles, até se terão licenciado ao Domingo. É o que dá, logo de pequenino, não faltar às aulas aos Sábados à tarde. Nomeadamente em tempo de férias. 

domingo, 5 de janeiro de 2014

"Não, obrigado"?! Nunca comi...

Quando peço a factura relativa ao que estou a pagar tenho a sensação esquisita que estou a causar um tremendo aborrecimento a quem está do outro lado da máquina registadora. Desconfio, até, que mentalmente me estão a chamar uma série de nomes nada simpáticos. Isto enquanto não evacuo a área, porque depois deve ser em alto e bom som.
Se calhar sou eu que ando a ver coisas. Mas, independentemente disso dos automóveis a que a factura nos habilita, trata-se de um dever de cidadania. De cada vez que pagamos – mesmo um simples café, por exemplo – parte desse dinheiro não é de quem nos vendeu o produto mas sim do Estado. Do país. De todos nós, afinal. Assim sendo parece-me da mais elementar justiça fazer o que está ao meu alcance para que ele chegue ao destino. Impedir um roubo, no fundo.
Presumo que haja quem não goste. Azar. Habituem-se. É altura de, a isso dos impostos ser coisa apenas para alguns, dizer “não, obrigado”.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Voltar a esturrar, que é o que melhor sabemos fazer!



Que nada aprendemos com esta alegada crise, já se sabia. Que não apreciamos quem gere o dinheiro público com rigor e administra a coisa pública com parcimónia, também. É por demais conhecida a nossa incapacidade de nos governarmos e a aversão a deixarmos que nos governem. Os últimos meses do ano agora findo, particularmente as derradeiras semanas, foram disso um exemplo flagrante. Com a expectativa de ver a troika pelas costas – assinalada com relógio e tudo – não falta quem volte a deitar os pauzinhos de fora. Entre outros exemplos salientem-se as festas de fim-de-ano, as luzinhas de natal ou o foguetório com o alto patrocínio de autarcas desejosos de voltar a fazer dividas por tudo quanto é sitio. E a malta gosta. Aplaude. Exige. E alguns pagam. Os do costume, no caso.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Nem é preciso ser bruxo...

Devem estar a gozar connosco. Só podem. Ou então são parvos. Mesmo admitindo os meus reduzidos conhecimentos na matéria, parece-me altamente improvável que o próximo ano traga qualquer espécie de recuperação da economia nacional. Ando há anos a escrever que não é assim que vamos lá e, apesar de garantirem sempre que para o ano é que é, a verdade é que, desgraçadamente, tenho tido sempre razão. Pelo quinto ano consecutivo reafirmo a minha convicção que vamos continuar na mesma e, pela quinta vez, manifesto o desejo de, volvidos os próximos trezentos e sessenta e cinco dias, vir aqui congratular-me por estar enganado.
Prever, por exemplo, o crescimento da procura interna num ano em que os salários vão ter a maior quebra desde que entrámos na União Europeia afigura-se, sei lá, assim um bocado contraditório. Ou, quiçá, bastante idiota. Isto, simultaneamente, com a continuação do desemprego em níveis que não param de bater recordes, os apoios sociais a sofrerem cortes consecutivos e o Estado sem dinheiro para investir ou apoiar investimentos. Neste cenário falar de recuperação é, reitero, coisa de lunáticos ou de optimistas convictos capazes de fazer o Sócrates parecer um governante ajuizado.
Restam as exportações e o turismo. Talvez. Mas isso não depende apenas da nossa vontade. O beato Paulinho irrevogável que vá rezando à nossa – dele – senhora de Fátima para que o seu eventual crescimento chegue para compensar a inevitável quebra de tudo o resto.