terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mas os cortes são só nas pensões? É que até parece que são apenas os pensionistas as vitimas destes malucos

Deve ser, assumo, problema meu. Mas, de verdade, não estou a ver razão para a histeria colectiva que tem assaltado a comunicação social a propósito da intenção do governo de reduzir as pensões de aposentação. Tudo o resto parece que não interessa. O desemprego, a diminuição de apoios sociais, a falta de perspectiva de futuro para os jovens ou, até porque o barco é o mesmo, os cortes nos vencimentos dos funcionários públicos, não motivam idêntico nível de preocupação nem constituem tema que mereça, da parte dos média, o mesmo tratamento.
Tal ficará a dever-se, não vislumbro outro motivo, ao facto de Portugal ser um país de reformados. São muitos, logo qualquer assunto que os envolva garante audiência. Destes, não são poucos os que ocupam lugares de destaque na governação do país – logo a começar pelo Aníbal, que nunca escondeu as suas preocupações com a sua reforma – e ainda serão mais os que se dedicam a fazer opinião em tudo o que é jornal, rádio e televisão. Nomeadamente a opinar em defesa da sua dama. A sua rica reforma. Que, ao contrário da maioria dos aposentados e dos que trabalham, é mesmo rica.
Não está, obviamente, em causa a reprovação que merece esta medida do governo. Tenho as pontas dos dedos gastas de tanto me indignar contra ela e outras do mesmo genero. O que me repugna é a maneira como a coisa é apresentada. A parcialidade escandalosa com que o assunto é tratado. O descaramento com que me querem fazer acreditar nas dificuldades por que estarão a passar. Que diabo. Eu também tenho cortes no vencimento – o que me deixa visivelmente aborrecido – e ganho várias vezes menos do que aquela malta que me enche o ecrã da televisão de lamentações. Façam menos cruzeiros e vão ver que nem notam a austeridade!

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