quinta-feira, 7 de novembro de 2013

E é a isto que chegou o nível da discussão acerca das funções do Estado…


Quase todos acham bem que o Estado reduza as suas despesas. Desde que isso, claro está, não os afecte. A polémica dos últimos dias em torno do financiamento do ensino particular vem, mais uma vez, evidenciar este nosso estado de espírito. A defesa desta opção do governo tem vindo a ser feita de forma acérrima pelos mesmos que, ainda não há muito tempo, defendiam o fim da Adse com o argumento que os impostos de todos não devem financiar privilégios de alguns. Menos ainda quando quem deles beneficia pode utilizar, como todos os restantes, as infraestruturas públicas de saúde.
É notável o nível de incoerência dos defensores do chamado cheque-ensino ou desta espécie de PPP para a educação que a TVI recentemente denunciou. No caso da Adse o sistema é em grande parte sustentado pelos descontos de quem dele usufrui e, como está amplamente demonstrado, fica mais barato ao Estado do que o SNS. No entanto, talvez por um ódio cego aos funcionários públicos, defendem a sua extinção. Já no que diz respeito ao ensino, sem que ninguém faça um desconto específico para isso, acham que o Estado deve suportar a opção de quem entenda colocar os filhos numa escola privada, ainda que ao lado exista uma pública. Trata-se de liberdade de escolha, segundo eles. Mesmo que mais cara e que todos a paguemos. A mesma liberdade – eles chamam-lhe privilégio – que não querem reconhecer a quem paga para ter essa escolha. Coerente esta gentinha.

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