sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Há duas maneiras de gerir o dinheiro dos contribuintes. A alemã e a nossa.



Assisti um dia destes a um interessante documentário no canal televisivo National Geographic acerca de um grupo de turistas feito refém pela FARC. Um grupo terrorista, narcotraficante e alegadamente comunista, que desenvolve as suas actividades na selva colombiana. O sequestro que motivou a reportagem terá ocorrido por volta de 2003 e entre os sequestrados encontrava-se uma cidadã alemã. Na sequência das negociações para a sua libertação a embaixada germânica alugou um helicóptero que se deslocou à selva para resgatar a senhora e transportá-la de volta à civilização. A história não acabou sem uma surpresa para a resgatada. É que no regresso a casa a senhora tinha à espera a factura da operação de salvamento. Por a coisa envolver custos avultados – treze mil euros, ao que foi relatado – o governo acedeu a que a sua cidadã pagasse a divida em prestações suaves. Que, diz, ainda estaria a pagar à data em que a reportagem foi feita.
Este episódio recordou-me um outro – um bocado mais trágico, é verdade – que envolveu seis cidadãos portugueses que se deslocaram em visita turística ao Brasil e que por lá foram mortos pelo compincha que os tinha convidado. Vá lá saber-se porquê o governo português da época, chefiado por António Guterres, resolveu pagar a trasladação dos corpos para Portugal. Recorde-se que os mortos eram empresários da construção civil, que na altura vivia um período áureo, e que se tinham deslocado em viagem particular.
A Alemanha é um país rico e desenvolvido. Portugal nem por isso. A diferença entre ambos talvez comece logo pela maneira como é gerido o dinheiro dos contribuintes. Lá usa-se rigor. Por cá o desprendimento, relativamente a essas minudências, foi – e continua a ser - regra geral. É bom que se pense nisso antes de chamar nomes à Merkel.

2 comentários:

  1. Também vi essa reportagem já por duas vezes...e segundo li a factura foi paga por alguém "anónimo" e sabes-me dizer qual o custo de "tal negociação"?

    Quanto ao caso "Militão" também li e não sei se é verdade entre Portugal e Brasil há acordos sobre a "trasladação de cadáveres" e na altura a reportagem dizia que só duas familias é que foram ajudadas e as mais abastadas pagaram na integra.

    A meu ver são coisas distintas...mas que é bem verdade o que dizes no que toca a gerência/uso/aplicação dos dinheiros que nos roubam...lá isso é!

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  2. Boa tarde

    Por apreciar este blogue e como as regras do Prémio DARDOS referem que devemos indicar os blogues a que o atribuiríamos, decidi inclui-lo no conjunto de blogues a que o atribuí.

    O Prémio pode ser visto aqui: http://joaobarbeita.blogspot.pt/2012/11/agradeco-o-premio-dardos.html

    Deixo ao seu critério a exibição, ou não, do referido Prémio.

    João

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