sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Revellionzinho

A foto que acompanha este texto serve de perfeito contraponto ao post de ontem. Apesar de os autarcas das freguesias raramente obterem o reconhecimento que a esmagadora maioria merece, é amplamente reconhecido - pelo menos por aqueles que têm algum conhecimento destes temas – que é a este nível da administração que o dinheiro dos portugueses melhor é gerido. Talvez por ser pouco. Se calhar, digo eu que gosto muito de dizer coisas, os cortes do Sócas nas transferências para as autarquias só pecam por demasiado pequenos. 
Atendendo a tudo o que assistimos ao longo dos últimos anos, nomeadamente daquele que agora finda, atingiu-se um ponto de inversão de valores difícil de compreender, onde o exemplo é, inexplicavelmente, pedido aos de baixo. O que, pensando bem, nem será coisa que me deva admirar assim tanto. Afinal a malta lá de cima não passa de uma cambada de invertidos. Quem não acredita, ou acha que estou a ser injusto, que vá ler a legislação produzida por esta gente.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Festejar hoje e pagar (talvez) um dia destes.

O fim do ano está a chegar e com ele as festas de arromba. O que é bom. Nomeadamente as festas. Nada como festejar. Sejam quais forem os motivos. Todos eles são bons e passar de um ano para o outro em animada festarola afigura-se-me como algo bastante prazenteiro. 
Deve ser o que pensam os uns quantos municípios que, apesar de endividados e de cofres vazios, não prescindem de ver os seus munícipes alegres. Para que tal aconteça, resolveram assinalar condignamente a ocasião. Claro que, da noite para o dia, muitas centenas de milhares de euros vão voar para fora dos respectivos concelhos. Poderá até pensar-se – uns quantos parvos, se calhar, vão ter o atrevimento de o fazer – que com esse dinheiro podiam pagar umas quantas dividas a empresas que venderam produtos ou prestaram serviços à autarquia e, assim, contribuir para a sua sobrevivência e para garantir postos de trabalho. Mas não. Ter a malta animada é que é uma coisa importante. Constituirá, desconfio, o principal desígnio de qualquer autarca que se preze.
A liderar este tipo de festividades, no sentido em que se esmera no programa com que brinda quem por lá quiser passar de ano, está uma autarquia que devia, em trinta e um de Dezembro de dois mil e nove, mais de sessenta e dois milhões de euros aos seus fornecedores. Bagatelas.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Empatas

Penso ter, em tempos, escrito qualquer coisa acerca da perplexidade que me causa a estranha e absoluta necessidade daquelas pessoas que não têm ocupação nem horário a cumprir – porque estão reformadas, desempregadas ou por outro motivo qualquer que não é para aqui chamado – e, apesar disso, escolhem precisamente a hora de almoço, ali entre o meio dia e meia e as treze horas, para fazer as suas compras diárias. Volto hoje ao tema porque continuo a acreditar, mas isso sou eu a dizer, que não custava nada tratar da aquisição dos bens essenciais à sua subsistência aí pelas dez da manhã. Ou pelas onze, vá. Até porque não acredito que seja gente para prolongar manhã dentro a sua estadia na cama. De resto para deitar cedo e tarde erguer boa companhia se há-de ter e não me parece que seja o caso. 
Isto aplica-se especialmente às senhoras de idade mais avançada. O que, estando Estremoz cheio delas, assume proporções alarmantes. Tenho o maior respeito pelas velhotas. Até porque, não tarda, serei tão velho como elas são agora e, quase de certeza, ainda mais chato e rabugento. Mas, confesso, causa-me uma especial irritação sair do emprego e ver os minutos da minha hora de almoço esvaírem-se na fila da padaria, do talho ou do supermercado porque, à minha frente, umas quantas velhinhas - ou outros desocupados - escolheram exactamente aquela altura para fazer o que podiam ter feito nas três horas anteriores. Isto porque, ao contrário delas, não posso ficar a degustar tranquilamente a minha refeição pela tarde fora. 
Se viver o suficiente para isso, vou vingar-me. Hei-de fazer o mesmo. Talvez, até, pior. Depois de fazer as compras passear-me-ei de carro pela cidade. A dez à hora. Só para chatear aqueles malucos apressados, que insistem em cumprir horários, e que vão atrasados para o emprego porque perderam parte da hora de almoço empatados por quem podia fazer compras noutro horário.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Inversões

A paneleiragem nacional, nomeadamente aquela que se expressa na blogosfera e na comunicação social, rejubila com a adopção de uma criança pela parelha de paneleiros constituída por um conhecido cançonetista britânico e alegado marido. É pelo menos assim que se referem as noticias que nos relatam o acontecimento quando mencionam o larila que vai ao cú do tal cantante. 
Afirmar que o rebento é filho do casal de rabetas, apesar de concebido numa barriga de aluguer e de nenhum dos dois ter tido qualquer intervenção no acto que gerou aquela vida, denota, manifestamente, uma falta de rigor quase tão grande quanto a vontade de ver por cá legalizada idêntica possibilidade. Seria, com certeza, muito mais correcto informar que dois fulanos adoptaram uma criança. Mas isso não seria noticia. Já noticiar que um casal mediático – marido e esposa, portanto – são agora pais tem outro impacto, parece uma coisa importante e constituirá até um exemplo de transbordante modernidade que nos faz exultar de alegria. Mesmo que se trate de um par de panascas que, provavelmente, terão pago uma fortuna pelo petiz.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Misturas muito caras

Não tenho grandes preocupações ambientais. Acredito que o planeta terá uma capacidade de regeneração maior que os estragos que lhe vamos fazendo e que, muito provavelmente, sobreviverá, ao contrário de nós, às nossa agressões. 
O desprendimento relativamente a estas questões não impede de me indignar com a forma como os estremocenses – e os portugueses em geral – tratam os resíduos domésticos que produzem. Apesar de o número de ecopontos, pelo menos na cidade, ser já relativamente significativo, continua a ser um procedimento recorrente a ausência de separação do lixo. Em muitas circunstâncias nem se pode falar de comodismo porque, no caso da imagem, o local correcto para depositar os garrafões está a cinco metros. 
Esta atitude negligente custa anualmente a cada município muitos milhares de euros. Numa altura de aperto como a que vivemos em que cada euro é importante, cada um pode, à sua maneira, contribuir para racionalizar recursos. Separar o lixo e depositá-lo no sitio certo é uma delas. Mas, pelos vistos dá muito trabalho. É mais fácil berrar contra os escandalosos ordenados e outras mordomias dos malandros dos funcionários municipais.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Dar desconto aos descontos

Entre os muitos rectângulos de plástico, com chip incorporado ou banda magnética colada nas traseiras, que quase todos transportamos na carteira – o cartão tornou-se um elemento fundamental nas nossas vidas – encontram-se um, ou mais, cartões de uma qualquer cadeia de lojas onde, com mais ou menos frequência, deixamos uma parte do nosso ordenado. Ou rendimento. Estes cartões, que oferecem inúmeras e fabulosas vantagens que até chateiam de tantas e tão fabulosas que são, procuram fidelizar o cliente e através de um sistema de acumulação de pontos, descontos ou promoções levá-lo a voltar ao local da compra e, de preferência, a gastar mais. Nada de anormal quanto a este procedimento nem, assim à primeira vista, nada de reprovável nesta estratégia. Afinal o gajo da loja está ali para vender e quem compra fica satisfeito porque acredita que ganhou qualquer coisita. 
A coisa muda de figura quanto querem fazer do consumidor parvo. O que, em muitas circunstâncias, conseguem sem esforço de maior. Veja-se, para não irmos mais longe, o caso dos alegados descontos do Modelo e Continente. Mesmo deixando de lado que o valor do desconto obtido apenas pode ser usado em futuras compras – constitui uma das cláusulas do contrato que regula o uso do cartão de fidelização – o produto onde é conseguido é, por norma, substancialmente mais caro que outro equivalente. A titulo de exemplo refira-se que um bolo rei nestas condições custava sensivelmente o dobro de outro a que a promoção não se aplicava. E nem sequer era uns daqueles produtos amaricados a que agora chamam gourmet - ou lá o que é - tratava-se de um bolo, assim à primeira vista e à excepção da embalagem, exactamente igual ao outro. 
Este é um procedimento recorrente para o qual devemos estar atentos. Se a quem vende interessa fazer sair a mercadoria do estabelecimento, quem compra tem obrigação de estar cada vez mais atento e não se deixar levar em promoções, descontos e outros esquemas manhosos em que quem fica a ganhar são sempre os mesmos. Até porque é para isso que eles lá estão.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Post de Natal

Talvez por causa da crise, do desemprego, da fome, da miséria e de tudo o que mais se sabe – também por causa da espírito natalício, claro - foi reconfortante ver todas as mesas – sublinho todas – da cafetaria do Modelo de Estremoz, na manhã de sexta-feira, ocupadas por famílias ciganas residentes no bairro contíguo ao supermercado. Papás, mamãs, putos ranhosos e um ou outro avô ou avózinha, desgrenhados e com cara de quem acabou de acordar, tomavam o seu pequeno almoço. Galões, leite com chocolate, bolos e torradas enchiam as mesas enquanto guardanapos de papel, restos e coisas dificilmente identificáveis ocupavam o pavimento em redor. Outros, provavelmente com o estômago já aconchegado ou aguardando a sua vez para o aconchegar, deambulavam pelo local em alegre algazarra. Foi bonito, pá. E diz que é assim todos os dias. 

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Há gente com cada ideia...

“Os sacrifícios têm de ser equitativamente distribuídos por todos”. É o que acha um bispo da Igreja católica portuguesa. Vá lá saber-se porquê existem pessoas com a mania de distribuir coisas. Nomeadamente as más. Devem pensar que são uma espécie de Pai Natal mas ao contrário. Justo, mas mesmo justo, seria dividir as coisas boas por todos. Isso sim. Agora dividir as más – assim tipo...os sacrifícios – parece-me muitíssimo mal. Cá para mim os  ditos sacrifícios devem ser distribuídos pelo menor número e, de preferência, pelos do costume. Assim como assim já estão habituados.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Mouro queixinhas

Um extremoso papá muçulmano, a viver em Espanha mais a sua numerosa prole, ficou irritado porque na escola pública espanhola frequentada pelo seu rebento – um pequeno Mohamed, presumo – o professor cometeu o atrevimento – heresia, como eles dizem – de citar o presunto como exemplo para melhor explicar a matéria que estava a leccionar. É, de facto, chocante e justifica perfeitamente a atitude daquele seguidor do profeta que, chateado com tamanho dislate, tratou de apresentar queixa contra o docente. Bem feita, porque isto de falar das pernas de um porco na presença de muçulmanos a residir na Europa, ainda para mais numa escola oficial, não lembra a ninguém. 
Se a atitude do queixinhas já é suficientemente parva, nem sei como qualificar a da policia. Ao que parece não só aceitaram a queixa, como se deslocaram à escola no intuito de ouvir o professor e suposto criminoso. Que por enquanto – e sublinho por enquanto - ainda não foi preso. Não tardará, qualquer referência a coisas que a mourama considere blasfémia, ainda que feita em território europeu, constituirá um crime punível sabe-se lá com que pena. Talvez, até, a morte por apedrejamento. Tudo, claro, com o alto patrocínio dos multiculturalistas.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Finalmente uma grande ideia!

Um jornal online pediu a algumas personalidades - umas mais conhecidas que outras – que, cada uma, desse uma ideia para o país. A maioria dos inquiridos não revelou grande imaginação e as respostas obtidas não constituirão, seguramente, grande contributo nem para a melhoria da nossa situação nem, com toda a certeza, merecerão especial atenção por parte de Sócrates e seus sócretinos. 
Cooperação, exigência, qualidade, são chavões mais que batidos e que, quanto mais são repetidos menos impacto vão tendo nos destinatários. Apesar disso incluíram a receita de alguns notáveis. Já a “fusão com o Brasil”, a “poupança de energia” e “aumentar o número de nascimentos” me parecem argumentos bastante valorizáveis. Até porque – e provavelmente não serei apenas eu a pensar assim – existe uma curiosa interligação entre eles que nem mesmo a questão da economia energética ali pelo meio consegue disfarçar. Principalmente para aqueles que preferem às escuras. 
Não sei se pode ser considerada como ideia, mas a afirmação proferida por um dos entrevistados é verdadeiramente genial e vale o tempo perdido a ler o conjunto de lugares comuns que até eu, que não percebo nada destas coisas, era capaz de proferir. Garante um dos elementos do painel que “todos os nossos problemas estarão resolvidos quando cada chinês beber uma garrafa de vinho português”. Por dia, acrescento eu.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Comprar, comprar, comprar...

Os portugueses estão a gastar euros aos milhões. Somos, aliás, um dos povos que, no mundo inteiro, mais dinheiro gasta em prendas de Natal. Embora isto do Natal mais não seja, quanto a mim, do que um pretexto para arejar a carteira. Hesito, por isso, entre considerar que seremos uns mãos largas ou que se trata apenas do gozo que nos dá gastar dinheiro. Ou de usar o cartão de crédito. 
Também gostamos de fazer boa figura, nomeadamente no que diz respeito à fatiota e, para andar bem vestidos, compramos trapinhos como se não houvesse amanhã. Deve ser por isso que não há na Europa quem gaste mais do que nós em roupa. Não admira, portanto, que ande por aí muita gente toda janota mas que, só por si, justifica a existência de dois ou três escritórios de agentes de execução. 
Para constatar a fiabilidade dos relatórios que fornecem este tipo de dados, basta dar um volta pelos supermercados e ver que os respectivos parques de estacionamento estão, nomeadamente ao fim de semana, completamente lotados. Mesmo em cidades de pequenas dimensões e diminuto número de habitantes, como é o caso de Estremoz, verifica-se uma verdadeira corrida a este tipo de estabelecimentos. Chega mesmo a ser difícil acreditar que por cá haja gente suficiente para encher quatro superfícies comerciais de média dimensão. 
Talvez, a juntar ao vicio de comprar, os portugueses estejam a antecipar o próximo aumento do iva. Se assim for está bem visto. Trata-se de um investimento seguro que renderá, a curto prazo, um ganho de dois por cento. Pelo menos, porque o aumento dos bens é capaz de incorporar outros custos que as empresas, generosamente, se encarregarão de partilhar com os consumidores.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Os esquemas da Mariana

Mariana tem trinta e sete anos, é funcionária pública, mora em Estremoz e, segundo o Sol online, encontrou uma forma inovadora – alternativa, até – de obter crédito mais ou menos imediato, que paga no mês seguinte, sem juros. O esquema é simples e funcionará mais ou menos assim: Mariana dirige-se à Modalfa compra roupa e no dia seguinte volta lá para devolver o que comprou. Apesar de ter pago com cartão de crédito a loja procederá, segundo a mesma fonte, à devolução do valor da compra em dinheiro. O que, alegadamente, lhe proporcionará a liquidez necessária sem ter de suportar juros. Acrescenta ainda que, neste Natal, voltará a utilizar o esquema que, a acreditar na história, terá repetido por diversas ocasiões. 
Mariana, do alto dos seus trinta e sete anos, teria outras opções menos ingénuas. Mas cada um sabe de si. E, de resto, nem sabemos se usará outras formulas, ainda mais criativas e menos onerosas para os próprios, que são cada vez mais usadas por colegas seus. Até porque, convenhamos, este esquema é fraquinho. Pode, por exemplo, comprar a crédito tudo o que a sua imaginação lhe sugera. Quando a conta aparecer na caixa do correio basta olha-la com desprezo e continuar a comprar como se não fosse nada com ela. Anos mais tarde um qualquer tribunal vai confiscar-lhe uma parte do vencimento. Pequena, diga-se, porque terá de ficar sempre com um valor equivalente ao salário mínimo, para que a Mariana possa continuar a viver com dignidade. O que significa que pode deferir no tempo – vinte, trinta ou cem anos – o pagamento dos seus calotes, enquanto vai vivendo à grande com o produto do crédito que entretanto tinha obteve. 
Tudo isto constituem as pequenas maravilhas da protecção ao prevaricador que as Marianas desta vida aproveitam com sabedoria. Claro que também podia viver a sua vidinha de acordo com um orçamento ajustado ao rendimento mensal. Poder até podia. Mas não era a mesma Mariana.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O que é que vão açambarcar a seguir?

Já se fazem apostas acerca dos bens ou produtos, supostamente de primeira necessidade, que desaparecerão misteriosamente do mercado quando os açambarcadores deixarem de se interessar por açúcar. De recordar que este, por sua vez, sucedeu aos medicamentos alvo de diminuição da comparticipação pelo Estado. Embora no caso dos fármacos, pese todos os esforços desenvolvidos por uma legião de idiotas, apenas em casos muito pontuais é que os stocks se foram abaixo. 
Segundo alguns o próximo bem a escassear poderá ser, também, do ramo alimentar. E, quase de certeza, daqueles que são capazes de suportar um largo período de armazenamento. Outros sugerem os combustíveis. Mas neste caso a constante subida de preços indicia claramente que este tipo de produtos não faltará no mercado. Pelo menos enquanto a tendência ascendente do custo se mantiver. 
Fontes geralmente bem dispostas garantem que serão os preservativos o próximo produto a escassear nas prateleiras dos supermercados, aos balcões das farmácias e até nessas maquinetas que disponibilizam camisinhas em cada esquina. Parece que factores climatéricos adversos estarão a condicionar negativamente a produção de latex das seringueiras brasileiras. Tal facto irá, necessariamente, reflectir-se na industria que trabalha com esta matéria-prima e afectar o sector de forma dramática. 
Daí à ausência deste bem essencial do circuito comercial será um ápice. Alertados por este post, os consumidores encetarão uma demanda por preservativos que só terminará quando não existir um único exemplar disponível para venda. Todas as manhãs, pontualmente, longas filas se formarão à porta dos locais suspeitos de ainda disporem de algumas unidades e rapidamente esgotarão o stock entretanto reposto. E, neste caso, alerto desde já, nem vale a pena ir a Espanha. As camisinhas espanholas são mais pequenas...

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Candidatos de aviário

As presidenciais são, de todas as eleições, as mais desinteressantes. Os poderes do Presidente são pouco mais do que protocolares, pelo que se torna completamente indiferente quem ocupa o cargo. Quem vencer pouco ou nada pode fazer e, ainda que queira - e nem mesmo quanto a isso existem certezas acerca da vontade dos candidatos anunciados – pouco poderá interferir no sentido de alterar o rumo que o governo está a dar à politica nacional. Daí que a imagem da luta pelo pedaço de pão no bico da galinha assente que nem uma luva a este acto eleitoral. O lugar em disputa tem tanta importância quanta a fome que pode ser saciada pela migalha de pão pendurada do bico de um galinácio em fuga. 
Calculo que debates como o transmitido ontem sejam penosos para os intervenientes, para os que tem como função comentá-los e, principalmente, para quem assiste. Embora quanto aos últimos um comando à distância possa obviar a penosidade da coisa. Acredito que qualquer dos candidatos que ontem estiveram na TV sejam bons na área de actividade em que se notabilizaram. Também não tenho motivos para duvidar que a curar feridas ou a ligar cabos serão do melhor que existe entre nós. No entanto, pelo nível de argumentação usado no debate, nem  para Presidente da junta da minha freguesia me parece que reúnam qualidades.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Totós

Quase todos já fomos, pelo menos uma vez, abordados por alguém que nos pretendia inquirir, ao vivo ou pelo telefone, acerca de um assunto especifico para fins estatísticos, para a realização de um qualquer estudo de mercado ou desses a que vulgarmente chamam sondagens. Coisas destas há para todos os gostos – e alguns desgostos, também – muitas delas com resultados verdadeiramente surpreendentes. 
É o caso do estudo, recentemente divulgado pelo Jornal de Noticias, segundo o qual sessenta e um por cento dos portugueses não confiava a chave de casa ao alegado engenheiro que por cá nos vai lixando. O facto de trinta e nove em cada cem cidadãos equacionar a possibilidade de confiar a chave da sua residência à criatura, deixa-me absolutamente perplexo. Ao carteiro, ao homem que vai contar a luz, a água, levar a botija de gaz ou reparar a tvcabo, seria mais ou menos normal que assim fizessem. São, por norma, pessoas sérias. 
Apenas encontro alguma justificação para este facto se levarmos em conta que o universo dos inquiridos inclui pessoas que enchem a despensa de açúcar para os próximos dez anos, que adquirem medicamentos que deixam de ter comparticipação ainda que o mais provável seja estes passarem da validade muito antes que tenham tempo de esgotar o stock e que, por duas vezes, elegeu um pantomineiro compulsivo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Fúria do açucar

A imperiosa necessidade de possuir reservas estratégicas de açúcar, evidenciada nos últimos dias pelos portugueses, é reveladora de sinais preocupantes. De parvoíce, logo para começar. De facto comprar quantidades absurdas de um produto, quando se necessita apenas de uma pequena quantidade, é parvo. 
Fazer uma peregrinação, em busca de açúcar, pelas diversas superfícies comerciais é também sinal de histeria. Bastou a comunicação social anunciar a sua eventual escassez para, num ápice, pessoas aparentemente normais se precipitarem para as prateleiras dos supermercados na ânsia de comprar o maior número possível de embalagens. 
Podia, finalmente, pronunciar-me acerca dos sinais de pouca lucidez que esta gente manifesta. Gastaram dinheiro quando não precisavam de o fazer, adquiriram um bem perecível que possivelmente se vai deteriorar antes que o consumam e criaram todas as condições para terem as suas casas invadidas por formigas. Mas não o vou fazer. Sugiro apenas que vão  tendo cuidado com o pacote.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Produzir mais e melhor?! Talvez bastasse só "produzir"!

A receita parece consensual. Precisamos de trabalhar e produzir mais e melhor. Até a mim, que por norma estou contra, esta ideia se afigura como razoável. Por outro lado sucedem-se os apelos contra o desperdício alimentar, nomeadamente das refeições que sobejam em restaurantes e cantinas, tendo mesmo sido criado um movimento de cidadãos que conseguiu já mobilizar uma parte significativa da sociedade para esta causa. Tal como a anterior também me parece uma intenção capaz de reunir o consenso de todos. 
Pena que não se consiga mobilizar ninguém – pelo menos sensibilizar, vá – para um outro problema bem mais grave, pelo menos na minha óptica, que tem a ver com a ausência de capacidade produtiva de bens essenciais à nossa alimentação e, consequentemente, com a necessidade de importar quase tudo o que consumimos. O que, num futuro que pode não ser muito distante, inevitavelmente nos trará problemas que, por agora, dificilmente imaginamos. 
Ainda sou do tempo em que cada metro quadrado de terreno era aproveitado. Por todo o lado cresciam hortas, searas ou simplesmente se plantavam couves ou semeavam batatas. Hoje nada disso acontece. Pior. Criou-se um circuito de produção que constitui um claro desincentivo a quem pretende produzir alguma coisa. 
Até como estamos na época da azeitona, atentemos neste exemplo. Um olival de pequena dimensão produzirá cerca de duas toneladas. Esclareça-se, desde já, que o proprietário tem emprego que não lhe permite ser ele a apanhar a azeitona pelo que terá de recorrer ao recrutamento de mão-de-obra. Como na região as pessoas em idade activa não abundam e as que restam estão ao serviço da autarquia ou no desemprego, a alternativa é procurar entre os ciganos ou a comunidade de leste quem esteja disponível para fazer o serviço. Se tiver a sorte de encontrar, pagará dezoito cêntimos por cada quilo recolhido. Ou seja trezentos e sessenta euros. Como não possui um tractor ou outro de meio de transporte com capacidade adequada, terá de fretar um para colocar a azeitona no lagar. Coisa para, a preço de amigo, mais uns cinquenta euros. O que totaliza quatrocentos e dez euros, portanto. Chegados ao lagar o preço proposto será de vinte cêntimos por quilo. Ou seja quatrocentos euros. O que representa para o proprietário, só nesta fase do processo, um prejuízo de dez euros. 
Claro que, perante este cenário, a azeitona irá ficar na árvore, apodrecer e cair ao chão. O pequeno olival produziu matéria-prima para cerca de duzentos e cinquenta litros de azeite. No entanto, por uma estranha lógica que influencia os factores de produção, o produto final nunca chegou a existir. Se calhar, também nestes casos, a culpa é dos mercados...

sábado, 11 de dezembro de 2010

Pimbagaga

Diz que passou por aí uma senhora gaga que, por sinal, até canta. A criatura, de aspecto esquisito, arrasta consigo uma legião de fans dispostos a tudo, mesmo pernoitar à porta do local do espectáculo, para a ouvir cantar. Ou lá o que ela faz. Até, pasme-se, pagar entre cinquenta a oitenta e cinco euros por bilhete, mais os custos da deslocação para quem não reside pelas redondezas. 
A vinda da exótica senhora a Portugal terá representado a saída do país de mais de um milhão de euros. Mais coisa menos coisa. Quando, no Verão passado, o Presidente da República apelou a que os portugueses não fizessem férias no estrangeiro, porque isso representaria um incremento das importações, teria sido bom que tivesse igualmente lembrado este tipo de acontecimento. Não que tenha nada contra quem canta ou gosta de ouvir cantar. Mas, assim como assim e já que estamos na miséria, não percebo porque raio não se hão-de contentar com a Ana Malhoa, a Ruth Marlene, a Micaela ou com a Romana. Até porque qualquer delas é muito melhor que a tal Gaga.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Limpar as mãos à parede

As paredes dos wc's públicos constituem locais privilegiados para a exibição de mensagens mais ou menos exóticas. Chamemos-lhe generosamente assim. É, também, comum encontrarmos apelos ao asseio, à higiene ou, no mínimo, para que mantenhamos o local como o gostaríamos de encontrar. Este pedido, recomendação ou o que lhe queiramos chamar vai, convenhamos, um pouco mais longe. Mas o caso, há que reconhecê-lo, não é para menos. 
Limpar as mãos à parede, seja qual for o prisma pelo qual se olhe a coisa, não é bom. Estejam elas – as mãos, claro – cagadas ou não. No sentido literal do termo porque a parede fica suja e as mãos não ficam limpas. Em sentido figurado porque se trata de uma expressão popular que significa ter vergonha da sua obra e que se usa quando alguém fez mal qualquer trabalho. No caso em apreço ambos os sentidos parecem encaixar na perfeição. Limpar as mãos à parede, para mais cagadas, além de não contribuir para a higiene pessoal ou do lugar onde tão nojento acto é praticado, é de causar vergonha ao autor de tal serviço.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Consumistas iluminadas

Escapam-me os motivos que levam alguns seres, especialmente gajas, a sentir uma estranha necessidade de comprar coisas. Não porque, de facto, lhes sejam indispensáveis, mas apenas porque sim. Porque, dizem, lhes faz bem ao ego, lhes levanta o astral – seja lá isso o que for – para espairecer ou, apenas, porque gostam de comprar coisas que apesar de não lhes fazerem falta nenhuma estavam ali mesmo a suplicar que as comprassem. Não sei se este tipo de comportamento é ou não considerado uma doença. Mas se não é devia ser. Até porque o grupo de risco está, há muito, perfeitamente identificado e caracteriza-se por ter a carteira cheia e a cabeça vazia. 
Deve ser a este tipo de gente que se destinam as luzinhas que na quadra natalícia alumiam as nossas cidades. Embora haja quem não necessite de incentivos para consumir, acredita-se, vá lá saber-se baseado em quê, que o facto de as ruas estarem iluminadas constitui um estimulo ao consumo. A mim, sinceramente, não me parece. Excepto, claro, ao consumo de energia eléctrica e às demais alcavalas com que a EDP nos compõe a factura.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Bater? Talvez não seja má ideia.

Segundo relatos que se podem encontrar em diversos sites de informação, nos Estados Unidos uma mulher terá sido sovada pela policia na sequência de um desaguisado com os agentes de autoridade, durante o qual se terá recusado a recolher o cócó que a sua cadela largou na via pública.
Na terra do tio Sam as autoridades policiais não brincam em serviço nem, tão-pouco, se brinca com o serviço destas. Como, infelizmente, é vulgar noutras paragens. Haverá, com toda a certeza, muitas situações de abuso por parte dos agentes. Esta poderá ser uma delas. No entanto, e apesar disso, essas situações serão infinitamente menos numerosas do que aquelas em que por cá outros poderes ridicularizam a actuação da nossa policia.
Não pretendo com isto concordar que se desate por aí a malhar nessa malta que passeia os canitos e não recolhe a merda que estes vão largando. Mas, confesso, quase me sinto tentado a fazê-lo. Até porque a alguns apenas se perdiam as que caíssem no chão. Mas que se tem de fazer alguma coisa, lá isso tem. Sejam as policias, as Câmaras ou as Juntas de Freguesia. Senão, um destes dias, ainda alguém se vai lembrar de dizer que a quantidade de merda nas ruas é inversamente proporcional à qualidade dos nossos políticos.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

E porque não o "Dia do empréstimo"?!

Tal como se esperava o “movimento” iniciado pelo ex-jogador de futebol Eric Cantona, que pretendia levar os cidadãos a levantarem as suas economias dos bancos, não deu em nada. A ideia era parva e, em qualquer circunstância, condenada ao fracasso. 
Tenho, cá para mim, que era capaz de obter um apoio muito mais significativo se, ao invés, fosse lançado um movimento à escala europeia ou mundial em que, num determinado dia, todos nos dirigíamos a uma agência bancária para pedir um empréstimo. De montante elevado, claro. Isso sim é que tinha piada. Era parvo na mesma, lá isso era, mas muito mais divertido.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Pontes

Admito que seja da minha má vontade mas, por mais que me esforce, não vejo qual o problema – gravoso ao que parece – da existência no próximo ano de vários feriados à terça e à quinta feira. Para haver as chamadas pontes que, ao que dizem, custam largos milhões de euros ao país, é necessário que o governo conceda tolerância de ponto e, mesmo assim, será uma situação que afectará apenas os funcionários públicos. O que, tratando-se de uma cambada de improdutivos, não deverá afectar assim tanto a economia nacional. A menos que essa coisa da improdutividade sirva apenas para outros argumentos. Nomeadamente àqueles que reclamam do excesso de funcionários públicos e que fazem exactamente o mesmo porque não está um em cada esquina para o servir. 
Uma “ponte”, na ausência de tolerância de ponto, é sempre feita à custa de um dia de férias de quem opta por prolongar os dias de descanso. Sabendo-se que o aumento da duração das férias não é coisa que se preveja venha a acontecer, parece lógico que quantos mais dias o trabalhador gastar em “pontes” menos de dias de férias irá gozar. O número de dias de ausência ao trabalho será, portanto, sempre o mesmo. Com “pontes” ou sem elas. Assim sendo não consigo entender o motivo de preocupação pela generosidade do calendário. Não é por nada, mas sempre gostava de saber se as criaturas que espalham estas atoardas vão conceder tantos dias de descanso às suas empregadas domésticas...

domingo, 5 de dezembro de 2010

O pior cego...

Lamento escrever isto assim, mas não encontro maneira mais simpática ou galhofeira de o fazer: Quem ainda apoia este governo em decomposição, quem permanece ao lado do actual Partido Socialista ou quem continua a considerar como boa a governação de José Sócrates é intelectualmente pouco sério. Pior. Se estiver convicto que governo, actual PS e o primeiro ministro, estão de boa-fé a fazer o melhor para o país e para os portugueses, então, não passa de um indigente mental. 
De inicio pensei que fossem apenas incompetentes. Depois apercebi-me que eram, afinal, oportunistas. Embora continuassem incompetentes. Pelo meio desconfiei que podiam ser ladrões. Vigaristas, até. Há quem assegure que são loucos. Suspeito de algo pior. Acho que nos querem exterminar. Tenho apenas uma certeza. “É preciso acabar com os pobres antes que eles acabem com os ricos”.  Como disse, alguém, em tempos idos. O facto desta gente não perceber isto não augura nada de bom... 
Sou suficientemente tolerante com opiniões diferentes da minha e não tenho qualquer dificuldade em reconhecer quando estou errado. Sei, também, que vivemos uma época de inversão de valores. Custa-me, no entanto, a aceitar – e já nem digo perceber – porque razão tantos andam há anos a ser enrabados por esta camarilha e, ainda assim, parecem continuar satisfeitos. Porra, não pode haver tanto paneleiro!

sábado, 4 de dezembro de 2010

Acção directa

Muitas vezes manifestei neste blogue a minha opinião acerca de movimentos grevistas e de como isso não tem a mesma eficácia de outras acções, concertadas ou não, quando promovidas com determinado fim. Independentemente da bondade das suas reivindicações, se é que existem, ou do que seja lá o que for que pretendem obter com a sua atitude, os controladores aéreos espanhóis demonstraram que é possível afectar muitíssimo mais o poder politico e económico com formas de luta alternativas. 
Nem todas as classes profissionais ou grupos de cidadãos têm, como é óbvio, o mesmo poder de causar prejuízos aos diversos poderes. Acredito, ainda assim, que a soma da acção de cada um, visando o mesmo objectivo, produz um efeito muito maior do que o obtido com uma qualquer greve. Argumentam alguns com o perigo que estes movimentos representam, quer em termos de ordem pública, de segurança ou, até, de comportamento cívico. Parece-me que não. Se calhar haverá é quem esteja preocupado com a ausência de controlo politico do protesto. Ou, os detentores dos diversos poderes, saberem que estas acções, por incontroláveis, afectarão bem mais os seus interesses.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Esqueceram-se dos robalos, foi?

O país recebeu com alivio a confirmação que o Mundial de Futebol de 2018 não se realizará, ainda que apenas uma pequena parte dele, em Portugal. É que, apesar de os optimistas de serviço nos garantirem que os custos seriam mínimos, nestas coisas que envolvem financiamento público o risco fica sempre por conta dos mesmos. Argumentos como o impacto que tal evento teria na economia nacional são, para mim, o principal motivo de satisfação por o campeonato do mundo se realizar noutro lugar. Basta lembrar os Estádios construídos para o Euro - que inexplicavelmente ainda não foram demolidos – e pensar na necessidade imperiosa de realizar investimentos que muitos assegurariam serem imprescindíveis. TGV, aeroporto e acessos a qualquer coisa teriam, caso nos tivesse calhado a fava, constituiriam de agora em diante mais um motivo para o auto intitulado engenheiro insistir na sua construção. 
Para além de tudo isso, ver o gajo de trombas também dá um gozo do caraças.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Poupança. Ou a falta dela.

A questão da poupança está na ordem do dia. Não há orgão de comunicação social que não nos forneça, gratuitamente sublinhe-se, as mais variadas dicas para poupar alguns trocos que, todos somados, no final de um determinado período de tempo representam uma quantidade considerável de euros. Isto porque apenas agora surgiu a convicção que refrear o elevado nível de consumo a que temos assistido ao longo dos últimos anos e estimular hábitos de aforro, constituirá uma das principais condições para melhorar a situação do país.
Receio que esta seja uma campanha condenada ao insucesso. Em matéria financeira os portugueses não têm juízo, não sabem gerir o seu pequeno orçamento doméstico e anseiam constantemente dar o passo maior que a perna. Que é como quem diz gastar mais do que aquilo que realmente podem. E, por mais estranho que pareça, gostam que o seu clube, a sua associação, a sua Freguesia, o seu Município ou o Estado façam o mesmo. Embora, relativamente a este último, até defendam algumas poupanças desde que estas, claro, não os atinjam. 
Mais do que poupar importa ser racional. Por isso muitas das sugestões de poupança que ultimamente têm vindo a lume, mais não são do que regras básicas que todos devíamos seguir no dia a dia. Recorrer ao crédito apenas na medida do estritamente necessário ou gastar o nosso dinheiro somente naquilo que nos é útil e indispensável são algumas delas. Outra, igualmente importante mas que todos parecem descurar, é exigir que a associação ou o clube de que somos sócios e que a autarquia onde exercemos o nosso direito de voto tenham igual comportamento.